As 8 festas solenes do Senhor a Israel (2) - Lv7

Vimos na última nota a ressurreição de Jesus na festa das Primícias. Pela ordem delas, a seguinte seria a festa dos Cinquenta.

“Depois para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinquenta dias; então oferecereis nova oferta de alimentos ao Senhor” (Lv 23.15-16).

Esta oferta de alimentos não vinha da colheita da terra como a festa anterior, mas “das vossas habitações trareis dois pães de movimento...” (v. 17).

Como temos o Novo Testamento a nos complementar, esta festa dos cinquenta coincide com a festa de Pentecostes, como contam os primeiros versículos de Atos. Era a descida do Espírito Santo para, de duas massas, fazer uma só. Compare as duas passagens abaixo.

“... dois pães de movimento; de duas dízimas de farinha serão, levedados se cozerão...” (v.17). “Também com o pão oferecereis...” (v. 18).

“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos [judeus e gentios] fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio... E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades” (Ef 14,16).

As duas massas levedadas, simbolicamente falando do pecado na esfera dos dois grupos, passam a ser contadas como uma pela união do Espírito Santo, com base na cruz de nosso Senhor.

A sexta festa era “memorial com sonido de trombetas, santa convocação” (23.24). Não creio que tenha algo a ver com as trombetas para a ressurreição dos santos no Novo Testamento e arrebatamento dos vivos da Igreja, como profetizado em 1 Ts 4.15-17. Mas creio que fale mais intimamente aos judeus da fase final de Apocalipse, como assevera o Mestre.

“Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos [ramo judaico] desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus” (Mt 24.30-31).

Este povo ainda será reunido diante dos sofrimentos e castigos que vigorarão no período tribulacional por vir. Mas também haverá refrigério para eles, como promete a próxima festa.

“Mas aos dez dias desse sétimo mês será o dia da expiação; tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao Senhor” (23.27).

Será um dia sem igual – libertação perfeita e plena para um povo escolhido desde milênios; e acima de tudo – perdão pleno e perfeito de todos os seus graves pecados. Como bem profetiza o Novo Testamento.

“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades” (Rm 11.25-26).

“E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades” (Hb 10.17).

Assim, lavados e perdoados para sempre, cumprir-se-á a cura para tantas pragas e sofrimentos num descanso milenial em sua sagrada e prometida terra, como anuncia a oitava festa.

“Aos quinze dias deste mês sétimo será a festa dos tabernáculos ao Senhor por sete dias” (23.34).

Esta última festa representa o tão almejado descanso de um povo que, figuradamente falando, ainda peregrina por um deserto sem seu Deus e sem um lar santo, embora indevidamente assentada numa terra que ainda será plenamente sua.

“Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que [Eu] semearei a casa de Israel, e a casa de Judá, com a semente de homens, e com a semente de animais. E será que, como velei sobre eles, para arrancar, e para derrubar, e para transtornar, e para destruir, e para afligir, assim [Eu] velarei sobre eles, para edificar e para plantar, diz o Senhor.

“Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão. Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que [Eu] crio para Jerusalém uma alegria, e para o seu povo gozo. E exultarei em Jerusalém, e me alegrarei no meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor. Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não cumpra os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; porém o pecador de cem anos será amaldiçoado. E edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o seu fruto” (Is 65.17-21).

Mal podemos esperar por este dia, em que todas as coisas estarão sujeitas a Cristo, e este ao Pai, cumprindo todas as coisas, tanto as celestiais quanto as terrenas.

Terminamos assim estas notas de Levítico e nos prepararemos para o Livro de Números, quando Deus assim nos conceder de Sua preciosa e desejada graça.