Uma doença antiga... - Lv5
A lepra era a mais temida das pragas na antiguidade. É uma doença com período de incubação variado, ou seja, contraída a doença, sua manifestação clínica com os primeiros sinais pode levar de 1 a 7 anos, ou ainda mais. Alastra-se de forma crônica, lenta, atingindo inúmeras partes do organismo. Quem a contraísse estava condenado ao isolamento e desprezo. Não há símbolo melhor para tipificar o pecado e suas consequências, tanto na vida individual quanto na coletiva.
Mas queremos frisar que a lepra dentro do povo de Israel não representa o pecado de forma genérica. Era o pecado que entrava furtivamente, lentamente na vida dos cidadãos salvos do Egito, aquele povo que fora salvo das garras da escravidão e agora deixavam a lepra dominá-los. Não é o pecado do perdido, mas do salvo. É o pecado não no mundo, mas dentro de nossas igrejas, atualizando agora a figura.
Tanto é assim que, descoberta a lepra tanto no homem quanto na casa, deveria ser examinada e confirmada pelo sacerdote daquele povo salvo.
“Quando um homem tiver na pele da sua carne, inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, na pele de sua carne como praga da lepra, então será levado a Arão, o sacerdote... E o sacerdote examinará a praga na pele da carne; se o pelo na praga se tornou branco, e a praga parecer mais profunda do que a pele da sua carne, é praga de lepra; o sacerdote o examinará, e o declarará por imundo” (Lv 13.2-3).
Se fosse declarado imundo, deveria ser apartado do arraial, vivendo separadamente.
Paulo também soube identificar a lepra na Igreja e tratou de separá-la.
“Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.
Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro?
Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai pois dentre vós a esse iníquo” (1 Co 5.11-13).
Quando nossos líderes não têm capacidade ou mesmo intenção de tratar a lepra, terá de vê-la alastrar-se paulatinamente em seu meio até a perda de toda a sensibilidade espiritual.
Mas quando o sacerdote examinasse e a lepra tivesse sido curada, deveria purificar o leproso de sua doença para voltar ao convívio de seu povo e posteriormente à sua casa.
Em linguagem espiritual, o pecador já se havia acertado com Deus, havia feito sua reconciliação e se aproveitado das Suas muitas misericórdias. Era então dever do sacerdote reconduzi-lo, perfeitamente purificado, ao convívio dos seus e de sua casa.
E a base desta purificação estava na oferta de duas aves vivas – uma que era sacrificada (14.4-5) e outra que seria solta, molhada no sangue da primeira, em campo aberto (v. 7).
É a bendita e eterna base que nos lava de todo o pecado: a morte e ressurreição de Cristo.
“O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação” (Rm 4.25).
Transportando para nossos dias de fria formalidade eclesiástica, podemos ver uma bela exortação ao auto julgamento que impede a lepra em seu avanço mortal.
“Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1 Co 11.31-32).
O segredo para impedir o aparecimento da lepra em nossas vidas está em nossa consagração irrestrita e contínua a Deus.
“Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome, para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior; para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.14-19).
Um tal estado de espírito como este não pode aceitar a lepra. Este é um exercício íntimo de fé e entrega diária. E a Palavra de Deus é nosso refúgio bendito contra todas as investidas do mal, tão somente ela.
Queira Deus, em Sua infinita graça, nos preservar puros desta chaga que tem contaminado as vidas de tantos cristãos e da preciosa Igreja do Deus Vivo.
Comentaremos a seguir sobre as festas solenes dadas a Israel, como sombra dos bens futuros.