Levítivo em foco! - Lv1
É fácil demonstrar o tema central, a linha mestra que dirige todo este sagrado livro.
Basta visualizar a comparação abaixo, quando fizemos uma simples busca pela ocorrência das palavras ‘SANTO’ e ‘SANTÍSSIMO ’ nos 3 primeiros livros sagrados (segundo a Concordância Bíblica da SBB de 1997).
Gênesis: SANTO E SANTÍSSIMO - 0 aparições
Êxodo: SANTO = 22 e SANTÍSSIMO = 5
Levítico: SANTO = 52 e SANTÍSSIMO = 12
Interessante notar que o incremento percentual de Levítico sobre Êxodo para os 2 termos (santo 22-52 e santíssimo 5-12) são praticamente idênticas: um acréscimo de 136% e 140% respectivamente.
O resultado parece nos insinuar o seguinte. Gênesis é o lugar da queda, do afastamento, não há que procurar algo que não se pode encontrar. Êxodo é o caminho que se abre para uma possível santidade ainda por vir, já que um povo seria libertado da escravidão representativa do pecado. Levítico é a cena ideal em que Deus pode buscar e exigir santidade. Em Levítico se faz a maior e mais complexa exigência divina:
“Porque eu sou o Senhor, que vos fiz subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque eu sou santo” (Lv 11.45).
Mas devemos lembrar – a sagrada exigência se atrela unicamente ao povo que saiu do Egito, libertado, como vimos, pelo sangue da Páscoa. Como já falamos anteriormente, o Deus santo exige santidade daqueles que são aproximados Dele, não há outra maneira de prosseguir neste relacionamento.
A ordem é bela, sublime, necessária: ‘Eu vos libertei da escravidão para ser o seu Deus, portanto, devido à minha santidade – já que Eu Sou o Senhor – posso exigir que andem em conformidade à minha natureza’.
Se podem ou se vão andar nesta regra é outra questão. E já adiantamos que não vão. Já dentro do santuário erguido, mencionado na última nota em Gênesis, dois filhos de Arão serão consumidos por levarem um fogo ‘estranho’ ao altar (Lv 10).
Haviam acabado de ser ungidos para o sacerdócio mais sublime (cap. 8 e 9). Passaram por 3 etapas de purificação e adaptação para exercerem seu ministério (cap. 8 em diante) – unção, consagração e santificação – conforme já se havia estipulado em Êxodo 29.
Mas tudo era elevado demais e a ‘carne’ subia o tom. Todos decaíram ao ponto de, ao final do mesmo livro, o Senhor colocar bênçãos e maldições (cap. 26 e 27) condicionando uma existência feliz ou precária pela atitude deles ante Suas leis.
“Se andardes nos meus estatutos, e guardardes os meus mandamentos, e os cumprirdes, então eu vos darei as chuvas a seu tempo...” (26.3-4).
“Mas, se não me ouvirdes, e não cumprirdes todos estes mandamentos... Então eu também vos farei isto...” (26.14-16).
Podemos hoje agradecer e louvar ao nosso Senhor por não seguirmos leis escritas em pedra, pois, além da habitação permanente do Espírito Santo, “todas quantas promessas há de Deus, são nele [em Cristo] sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós” (2 Co 1.20).
Graças ao sangue de sua cruz, Cristo “nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” (Ef 1.3-4).
A santidade também nos é exigida como consequência da eleição divina, porém com a diferença de não estarmos presos pelas leis dadas a Israel. Falando de Jesus, “agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas (Hb 8.6).
Continuando, para contribuir com a santidade prática daquela jovem sociedade, ritos purificadores para a lepra no corpo e na casa (cap. 14), onde dedicaremos uma nota especial. Sacrifícios específicos para tantas necessidades são esmiuçados, tudo para garantir a pureza daquele povo. Basta ler os 7 primeiros capítulos e a complexidade de suas ofertas.
Em suma: o tema central deste livro é a santidade – pessoal e coletiva.
Podemos embasar esta premissa numa bela palavra já no Novo Testamento, pois eles estavam na sombra, nós na perfeita luz de Cristo.
“Rogo-vos, pois... que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados” (Ef 4.1).
Em nossa próxima nota abordaremos os ‘dons e ofertas’ representados nos dois primeiros capítulos deste santo livro.