Moisés – a libertação - Ex3

Parece que depois de Moisés se juntar a Arão ele se transforma. Titubeou diante de Deus, mas depois dos sinais magníficos, da empresa maravilhosa e comissionada, seu retorno à terra que tinha sido criado, misturar-se ao seu sofrido povo que agonizava, uma revolução reorganizara seus pensamentos, seus sentimentos – sua fé.

Arão, figura de Jesus sacerdote e mediador, só lhe fez bem. E não é assim em nossas vidas?! Quanto não vacilamos até encontrarmos nosso Sumo Sacerdote! E depois, lavados e transformados pelo seu sacrifício na cruz, tudo fica no longínquo passado – “Eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17).

Quarenta anos no Egito, no ‘primor’ da sociedade de então, de nada serviram a Moisés. Quarenta anos no deserto só ressecaram sua alma e espírito. Mas por um chamado pessoal, único e poderoso, renovou suas forças, e pouco a pouco desafiou não só um império, mas todas as hostes infernais.

Mas o que realmente queremos enfatizar nesta nota são os 11 sinais-juízos pelas mãos de Moisés e o seu poder de convencimento (cap. 8 a 10). A vara vivificada em serpente, as águas tornadas em sangue, a praga das rãs, a praga dos piolhos, a praga das moscas, a pestilência sobre os animais da casa de Faraó, o sofrimento pela sarna, a saraiva misturada a fogo, o flagelo dos gafanhotos e o pavor das trevas não foram suficientes para libertar Israel.

É certo que Faraó chegou a titubear em certos momentos, mas era algo mais parecido com temor supersticioso que o entendimento pleno que aquele povo escravo tinha o único Deus Vivo e Verdadeiro, somado ao desplante de querer libertá-lo a qualquer custo.

O último castigo então foi decisivo. A morte sentida em cada lar egípcio, pela morte de todo primogênito tanto de homens como de animais (pois estes apesar de não serem culpados intrinsecamente, estavam associados à natureza da escravidão e do pecado), resolveu a questão.

“E haverá grande clamor em toda a terra do Egito, qual nunca houve semelhante e nunca haverá; mas contra todos os filhos de Israel nem ainda um cão moverá a sua língua, desde os homens até aos animais, para que saibais que o Senhor faz diferença entre os egípcios e os israelitas” (11.6-7).

Mas também houve morte no arraial israelita, um tanto diferente, claro! – uma morte substitutiva. Somente quando houve derramamento de sangue de um inocente, houve perfeita libertação. O sangue da “Páscoa do Senhor” derramado para cada família era o elemento libertador eficaz, único, precioso, extremo.

Aqueles sofreram por seus próprios méritos, estes ficaram livres por mérito divino. Novamente o suor pelo sangue, a lei contra a graça, o homem versus Deus, a salvação por Outro ou a perdição por si mesmos.

O mesmo sangue da Páscoa que trouxe plena libertação ao povo oprimido foi o que condenou cabalmente o opressor. Isto me lembra uma palavra já sob o Novo Testamento.

“Para estes certamente cheiro de morte para morte; mas para aqueles cheiro de vida para vida” (2 Co 2.16).

E não temos as mesmas escolhas hoje?! Podemos continuar em nossos pecados, afastados de Deus e rebeldes ao Seu chamado. Ou podemos aceitar o sacrifício Vivo enviado por Deus – “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

“Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hb 4.16).

Passaremos em seguida à terceira fase de Moisés, já no deserto, com o encargo da mediação da Lei.