Palestina – entrave do mundo - Gn6
A simples posição geográfica da Palestina em meio a duas regiões imperiais importantes, o Egito ao Sul e Mesopotâmicas ao norte, sempre relevou este pequeno território a mera passagem de exércitos, sempre se colidindo em guerra.
Um observador assim declarou de seu melhores rios: – “Não são porventura Abana e Farfar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel?” (2 Re 5.12). E ele nem falava de um Nilo ou um Eufrates!
Mas é aqui, onde nada atrai de si mesmo, que Deus escolheria o lugar de peregrinação e posterior posse de um povo formado por Ele mesmo.
Vários pequenos povos viviam ali: jebuseus, fereseus, amorreus, amalequitas...
E aqui começam os problemas: povos já estabelecidos com suas famílias, seu gado, sua cultura, suas vidas, e de repente! aparece um pequeno clã vindo do norte que recebeu ordens diretas de um Deus (havia tantos!) de que toda aquela terra seria dada a eles.
Não sei quanto a vocês, mas acho que ninguém daria sua possessão de mão beijada – uma terra trabalhada, suada, conquistada dia a dia – a um povo que aparece do nada com um ‘deus’ estranho. Mas o Criador de todas as coisas dera esta ordem e esta terra, começando por um homem.
“E te darei a ti [Jacó] a terra que tenho dado a Abraão e a Isaque, e à tua descendência depois de ti darei a terra” (Gn 35.12).
Deus gosta de tratar com o pequeno, com aquilo que todos dão pouco valor, com o desprezado, com o ínfimo, exatamente para confundir os fortes, os grandes, os que se dão a si mesmos muito valor, mas tendo bem pouco aos olhos de Deus.
Foi assim com Abraão, com Moisés, Elias, Davi, Jeremias, Jesus, Paulo...
A verdade de Caim e Abel estão eternamente em jogo: o suor versus o sacrifício, a vontade humana ou a vontade divina, o mérito ou a graça. E sempre o Senhor desprezará o suor do esforço e das motivações próprias, mas renderá graças ao Seu conselho eterno.
“O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade” (Is 46.10).
“Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude” (1 Co 10.26).
A terra da Palestina foi dada a Abraão e sua posteridade, a despeito de toda incredulidade e dureza de coração deste povo, tão insistentemente provado nas Escrituras deste mesmo povo.
Apesar de Israel estar assentado agora indevidamente em parte de seu território prometido (tocaremos neste assunto em momento oportuno); apesar de ter crucificado seu Messias; apesar de perseguir e matar tantos profetas da parte de seu Deus, esta terra pertence a eles, ninguém pode alterar esta realidade. Alguém pode contestar, pode achar cruel e arbitrária esta decisão, mas é algo que deverá resolver com Deus e Sua Palavra, e que tentaremos lançar luz à medida que avançamos nestas Notas.
Quanto à terra em si mesma, três características marcantes são postas em relevo em Gênesis: a fome cíclica¹, a violência² e a obtenção de água³.
¹“E havia fome na terra, além da primeira fome, que foi nos dias de Abraão; por isso foi Isaque a Abimeleque, rei dos filisteus, em Gerar” (Gn 26.1).
²“E perguntando-lhe os homens daquele lugar acerca de sua mulher, disse: É minha irmã; porque temia dizer: É minha mulher; para que porventura (dizia ele) não me matem os homens daquele lugar por amor de Rebeca; porque era formosa à vista” (Gn 26.7).
Nem vamos falar da guerra dos 5 reis contra 4 reis em que Abraão esteve envolvido por causa de Ló (Gn 14).
³Para embasar o problema da água (associada a alguma medida de violência), leia somente os 5 versículos de Gn 26.18-22 (https://www.bibliaonline.com.br/acf/busca?q=Gn+26%3A18-22).
O que vale a pena ser discutido, pensado e vivido por todo cristão maduro, nesta época de tanta incredulidade e desafios, é a resposta do Senhor a estes servos do passado, e estendido aos do presente – “Eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores” (Gn 28.15).
Gosto de um pensamento de Spurgeon que fiz questão de decorar:
“Aquele que nos foi preparar o Céu, não nos deixará sem provisão em nossa jornada até lá.”
Em nosso próximo e final capítulo (para este Livro!) abordaremos os limites que demarcam o Êxodo.