Gênesis em foco! - Gn1
Gênesis é o princípio das coisas que se veem, bem como de algumas coisas que não se veem.
As muitas coisas que não se veem neste livro, estarão espalhadas, pulverizadas, pelos 66 livros sagrados de nossa bendita e eterna Palavra de Deus. Não podemos ver neste princípio com clareza, por exemplo, que Deus nos “elegeu nele antes da fundação do mundo”, assunto que será esclarecido somente em Efésios 4.1 e outras passagens também no Novo Testamento, isto devido à grandeza do tema.
Aqui temos o início de tudo que se desenrolará pela história da humanidade, desde a formação de famílias e clãs até a formação de cidades-estado e reinos poderosos. Mas todas estas instituições civis estarão à mercê do maior problema da humanidade: o pecado. Ele já aparece em sequência quase imediata à formação do primeiro casal humano. E com ele, todas as posteriores deformações sociais, culturais, políticas, econômicas, religiosas... que seguem até hoje. Ninguém deveria estranhar o estado vil em que se encontra o mundo em todos estas relações.
A tríade perversa – carne, mundo e diabo – já se delineia neste precioso livro, lembrando, só para ilustrar, dos casos das lentilhas de Esaú, do cataclismo noético e da atuação da serpente junto ao primeiro casal, o pai da mentira.
Mas, se o homem foi lançado da presença divina, sem condições de retornar por seus próprios méritos, há da parte de Deus o novo elemento – fé – baseado no sacrifício animal instituído logo após a queda de Adão, que ele bem soube aproveitar, e que permeará não só este livro, mas todo o Antigo Testamento .
A fé será sempre individual, até a chamada de Abraão, com seu maior exemplo de fé em obediência ao chamado divino: “Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei” (Gn 12.1).
E aqui começam os grandes problemas de interpretação da Escritura: a ligação da fé com a herança de uma terra prometida, ainda que Abraão mesmo e seus filhos “eram estrangeiros e peregrinos na terra” (Hb 11.13). Um povo será formado, os judeus, que terminarão exilados, por suas próprias escolhas errôneas, a um dos maiores impérios antigos, o Egito, cumprindo um princípio pronunciado somente em Gl 6.7-8:
“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gl 6:7,8).
Este princípio, ao contrário do que se pensa, começa no plano espiritual, e reflete no material. Tudo o que vemos é reflexo do mundo espiritual, como bem atesta a indicação divina a Moisés, já no livro de Êxodo – “levantarás o tabernáculo conforme ao modelo que te foi mostrado no monte” (23.30).
A luz do mundo físico só é constituída de sete espectros, como vemos no arco-íris, porque em Jesus, “a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo” (Jo 1.9), repousaria “o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor”, como previsto por Isaías 11.2.
Gênesis trata da abertura dos grandes temas que serão desenvolvidos, do simples para o complexo, do físico para o espiritual, da sombra para a luz fulgurante, e que serão discorridos pelos 65 livros seguintes.
Em Gênesis começam as grandes dificuldades relacionadas ao pecado, mas em Gênesis mesmo Deus já demonstra que está disposto a salvar, mas somente pela fé no sacrifício de Alguém que viria tomar nosso lugar, representado como sombra pelo sangue de animais inocentes.
Comentaremos a seguir as muitas ‘fugas’ decorrentes dos nossos muitos erros, “pois não há homem que não peque”.