Por sorte
Ao meu pai.
Através dos anos, tentei compreender o motivo de ser você.
Não havia o mínimo de significado. Não havia legado.
Por muito tempo, você só era lembrado
Para catalogar os anos que estava esquecido.
E por qual meios poderia ser pelo menos amigo.
Por quantos caminhos andei
Que nunca se desse conta...
Aprendi tudo que sei com a vida
Senti muita falta do seus abraços
Dos conselhos, que mais tarde, percebi,
Acho que não me serviria.
O que me ofereceu na vida foi uma grande lacuna
que preenchi sozinha.
Acho que nunca o culpei
A minha lacuna não era resposta.
Era apenas por não ter o que te dar.
Mas ai, aconteceu!
O "buscai e achareis"
O " batei a abrir-se-vos-à"
E agradeci por me dar a única coisa
que de fato precisava: a vida !
Eu corri para te falar
E, por sorte, ainda está aqui,
para ouvir: está tudo bem assim.