RAÇA DE HERÓIS - Capítulo 49 - Entre a Cruz e a Espada
Capítulo 49
Entre a Cruz e a Espada
Somos defrontados por testes, diariamente, para sermos analisados, sob a constatação do Mundo Maior, para saberem se temos o controle de nossas emoções e ações nos diversos aspectos da vida.
Antes de reencarnarmos, fazemos propostas e nos prontificamos a cumprir nossa tarefa. Salvo os casos de reencarnações compulsórias, aquelas nas quais o espírito se recusa a reencarnar e se mostra rebelde à Lei do Progresso, e por isso é reconduzido a um corpo, o qual poderá limitar seu intelecto e seus movimentos, nós, espíritos, pedimos e às vezes até imploramos para assumirmos um novo corpo. Ao chegarmos aqui, as tentações do mundo nos faz esquecer do que prometemos e de nossos propósitos. Debandamo-nos para as ilusões às quais achamos irresistíveis, e não envidamos esforços à resistência e nos endividamos; não paramos para pensar sobre nossas condições de espíritos imortais cujo objetivo é o domínio de nossas paixões inferiores. Assim, nos atrelamos a situações desfavoráveis devido às escolhas que fazemos.
Percebemos, nos grandes vilões da humanidade, que representam a sede de poder e de domínio, a frieza que têm. Geralmente, não se importam com a dor e sofrimento alheio, desde que conquistem o que desejam. Certas pessoas, enquanto podem tirar proveito de alguém procuram ficar perto, e quando esse alguém não lhes tem mais utilidade é ignorado e abandonado. Isso ocorre frequentemente com filhos que isolam seus pais em asilos. Enquanto os genitores estavam em condições de lhes dar alguma ajuda, pagar a faculdade, sustentá-los, dar presentes, levá-los ao médico, ao dentista, na escola, tinham valor perante aos seus olhos. A partir do momento que ficaram velhos, debilitados, cansados por terem se sacrificado para realizarem os sonhos de seus rebentos, são vistos como pessoas que atrapalham. Não nos esqueçamos de que amanhã estaremos velhos também e a roda da vida nos alcançará...
Determinados pais ignoram seus menores, sem a mínima consideração pela vida. Alguns homens e mulheres não assumem seus filhos e os abandonam em um canto qualquer ou dentro de casa, porque os consideram um peso.
Muitas vezes, os avós que, já cansados da luta por terem criado seus filhos, agora se veem obrigados a criarem seus netos.
Algumas empresas, enquanto têm seus funcionários produzindo, lhes
dando lucro, se importam com eles, mas quando surgem problemas, ocorre a degeneração física, eles são descartados e tudo que fizeram é esquecido. E algumas empresas, mesmo com seus funcionários produzindo, não lhes dão valor, exploram o suor do trabalhador, oferece salário inferior, não concedem vantagem alguma e contratam verdadeiros algozes, aos quais nomeiam como chefes, para fazerem um trabalho de opressão no lugar deles. E o mais complicado é que muitos se sujeitam a esse papel, agindo de acordo com os interesses de lucro fácil e exploração das empresas, e se acham até um pouco donos quando são designados para chefes. Pobres almas! Não conseguindo se realizar como donos, escondem-se debaixo das asas depenadas daqueles que conseguiram. Alguns outros se juntam a esses que são chefes, e que parecem dominar, para sentirem o gosto de mandar também. Faltando um íntegro esforço para obterem um posto de liderança, encostam-se em alguém para fazê-lo. E o pior é que os chefes aceitam, por gostarem de ser bajulados e terem alguém com ideias semelhantes do lado e com renda inferior. Mas o mundo dá muitas voltas, e nessas voltas nos enrolamos e damos nós em nós mesmos, levando muito tempo para desfazermos esse embolo que criamos para nossas vidas.
O que registramos aqui não se aplica a todas as empresas e pessoas. Temos estabelecimentos onde encontramos líderes que têm grande humanidade para com o companheiro de trabalho, encarregados que usam de generosidade para com àqueles pelos quais são responsáveis, empresas que dão oportunidades de crescimento e apoio ao funcionário e à sua família, mas uma boa parte pensa apenas em acumular para depois ter que devolver.
O sol raiou. Está prestes a começar um duelo mortal entre o homem e a máquina. A máquina do sistema político, a maquina empresarial, a máquina de um Capitalismo voraz. É o homem sempre desgovernado e a máquina desenfreada. Quando é que veremos ressurgir a bandeira da paz, flamejar dentro da nave Terra. Ela foi jogada de lado, pisoteada, numa época que optamos pela guerra contra nós mesmos, não nos respeitando e não vendo as pessoas e a natureza como nossos irmãos e parte inerente às nossas vidas. As guerras, crises econômicas, tragédias ocorrem para que possamos despertar e perceber que esse negócio de lutar para dominar, o autoritarismo e a violência só causam destruição.
Para subir na vida muitos traem, enganam e se escondem. Tomemos os devidos cuidados para não sermos traidores, traidores de nós mesmos, onde traímos nossa fé em um mundo melhor, nossa benevolência, nossa postura de cidadania. No final de nossa jornada, qual ocorre com todos os traidores que têm medo de perder o que consideram importante e vão logo correndo para o lado que julgam mais forte, constataremos, abatidos que traímos nossas consciências e as coisas santas.
Ao percebermos a indiferença, a soberba, a injustiça, procuremos fazer algo, porque é desolador lamentar-se por não ter ao menos tentado se mexer. O comodismo causa maremotos devastadores em nossas almas. Que entendamos que a liberdade que buscamos, aprisionando os bons sentimentos, não se conquista com destruição e causando a miséria na vida de nossos irmãos. A liberdade que alguns guerreadores querem é aquela que será conquistada a esse custo, mas tudo que venhamos a adquirir pagando esse preço não tem doce sabor, mas revela o gosto de fel, de arrependimento e de sal, que vem das lágrimas jorradas por nossos olhos, por não termos sido capazes de dizer não e não termos nos dominado nos momentos de desequilíbrio em que deixamos o orgulho, a inveja e a ganância falarem mais alto. É muito melhor chorarmos sobre a dor que alguém nos causou do que sorrirmos por termos feito alguém chorar.
Deixemos a espada de lado; a espada que mutila a esperança, corta a justiça, dilacera a fraternidade Não precisamos mais dela, e ela vai nos machucar nos momento de descuido. Uma espada abandonada nos passa a visão da serenidade do que quando empunhada, dando-nos a sensação de paz. A Cruz substituiu a lâmina.
Entre preservar e destruir, escolhamos o primeiro ato para que ao olharmos para trás tenhamos recordações prazíveis por termos sido capazes de optarmos pela porta estreita e não pelos amplos corredores que nos conduzirão ao abismo.
Após o céu escuro os raios de sol vêm nos visitar. As lágrimas são o prenúncio de um sorriso, e tudo é renovação, tudo é evolução para aquele que continua caminhando e caminha acreditando na continuidade da vida e na vitória final, inevitável, do bem sobre o mal.