EU E EU
E a vida me deu oportunidades
quando pensei que já não havia novas portas.
É que Deus não olha para nossa pequenez nem para a dimensão diminuta de nossos achados...
hoje existe um brilho diferente em meu olhar,
meus passos são mais definidos
e a fé cresceu em níveis superiores,
também sei que o amanhã será muito melhor que hoje,
o que se tiver de ser, será.
Não tenho do que reclamar,
mas antes porém ousei pensar pouco,
resmungar do que não estava dando certo
e quase me desesperei ao ver a vida com sentido contrário aos meus sonhos.
Posso dizer que nunca sonhei com o impossível,
nunca quis algo distante de minha realidade interior,
mas não enxerguei o sol nas minhas manhãs nem a luz das estrelas no meu céu,
era como se os meus dias fossem todos iguais,
apesar de interceder na literatura de maneira altamente positiva.
Alguns dos meus desejos foram logo sucedidos.
Sempre admirei a criação de peixes em aquários
e conseguir ter dois de porte grandes e dois pequenos.
Criei diversas espécies... vi crescer e um dia, passei tudo adiante.
Tive algumas raças de cães significativas...
e amei gatos em especial um preto que se chamava Pacato.
Esse animal me amparou fortemente quando a depressão veio com tudo na minha existência.
Chorei muito e o via me acariciando e secando minhas lágrimas,
numa companhia espetacular!
Pois, somente me deixava para fazer suas necessidades.
E um dia o vi partir...
foi levado escondido por vizinho para longe de mim.
E eu recebi de presente do universo, meus netos.
Convivi mais com Ariel e com o Miguel.
Porém, havia a Ludmila, mas a mãe dela sempre a mantivera afastada e tudo por ciúmes.
Mas era visível o carinho recíproco de todos eles.
Um dia... Miguel se foi.
Levaram para uma cidade do interior,
para viver com a outra avó.
Sofri muito, eu adorava esse menino que era tão meigo com a vozinha que o amava.
Logo em seguida tiraram Ariel de mim.
Outra vez ciúme bobo.
Éramos muito apegadas uma a outra.
Ariel me envolvia de beijos e minha vida quase ficou sem sentido, e aí...
eu quis ter uma filha adotiva.
Então, Deus me enviou a Amanda.
Criei durante nove meses. Uma experiência eloquente.
Também tive que devolver, pois o ambiente conjugal estava seriamente doente,
haviam palavras duras, olhares conflitantes e eu sabia que isso era contrário às leis da criação.
Até hoje sinto falta de todas essas coisas.
Falta do sorriso dos netos, do aconchego dos filhos, que eu sempre amei
e vivi para eles toda a minha vida.
Falta do abraço da Amandinha...
Porém, eu estava morrendo por dentro.
Uma tristeza de morte.
Um marido que me olhava com tanta raiva, que dizia que eu era o motivo de sua infelicidade,
por eu não aceitar fazer coisas, que não estava dentro de meus princípios.
E desvalorizava com palavras de baixo calão.
Que fazia meus dias serem negros... e
o que me fazia ficar viva era a fé em Deus
e os meus amigos da Internet.
Porque eu escrevia textos e neles os comentários me alimentavam de esperança.
E cada dia eu recebia de Deus uma nova inspiração
e todas essas coisas me davam força pra respirar.
Meus filhos viviam suas vidas
e quando eu falava-lhes dos dizeres do pai, ouvia que eu tinha que me sair bem e que fora eu que o escolhi.
Que agora, teria que aceitar e me virar...
Tive um amigo muito significativo: Padre. José Fernández Martínez. Tive outro: José Fernando Martins da Fonseca. Esses dois acrescentaram dias dos quais jamais deixarei de ser grata.
Conheci o Dr. José Siquara da rocha, Dr. João Justiniano, a Cândida Neves, a Verônica Bernado, meu irmão Sérgio. Pessoas com as quais eu me desabafei em momentos cruciais.
E tiveram as locais, digo, pessoas do meu município. A dona Branca, Marcelino, Nelson Raimundo...
alguns vizinhos, etc.
E por fim recebi um comentário de Nelson Pedro da Silva, quando sua esposa amada deixou esse mundo.
Eu respondi, sem interesse algum, nem perspectiva de que ele viria ser meu segundo esposo.
Foram alguns e-mails enviados com palavras religiosas
e a intenção de simplesmente acalentar alguém que necessitava de apoio num momento de dor pela perda irreparável.
Em um desses dias em que tudo parecia perdido, me desabafei com o Nelson Pedro.
Contei-lhe que minha vida estava sem sentido e que meu casamento já não existia pelo amor.
Ele não deixou por menos... disse: "Segura nas mãos de Deus e confia na vida.
Cristo te ama e tua vida vai mudar".
Eu fiz uma pergunta para ele: Você ainda amaria outra mulher?
A resposta foi direta. "E por que não? Estou vivo e se não me engano já estou amando.
Li alguns textos teus Cris e tuas palavras já fazem parte de mim.
Vamos confiar em Deus e o deixar criar raízes dentro do nosso coração.
Que seja feita a vontade do Pai”.
Então, eu senti algo diferente em meu âmago.
Isso foi o bastante para que eu me encontrasse amando novamente.
Nosso tempo de relacionamento foi curtíssimo.
Como um cometa nós dois estávamos a passos longos num sentimento inusitado.
Ele já nem sabia o que fazer, vivi dias sufocantes.
Amando a todo vapor e ainda morando com um conjugue que judiava de mim.
De uma coisa eu sei, se meu ex-marido me amasse, se ele cuidasse de mim, eu jamais estaria distante dele,
mesmo sem amor, eu estaria ao seu lado.
Porque sempre acreditei no poder do matrimônio.
Mas ele me destratava e o tempo todo, me culpava pela sua insatisfação.
Me fazia chorar de tristezas...
E eu vim para Mato Grosso do Sul, cidade de Campo Grande.
Vim de consciência limpa, mas antes conversei muito com meu Deus.
E senti que Deus me deu outras possibilidades...
Hoje... estamos vivendo juntos...
Eu e o Nelson Pedro, um sustentando o outro.
Nós nos falamos direto:
Eu amo você!
Então, a minha vida prossegue, agora sem meus filhos por perto, sem meus netos... sem algumas amizades.
É o primeiro Natal distante dos meus filhos e netos.
Estou triste pela saudade, triste porque eu sempre preparava a mesa para todos
e porque queria que tudo fosse diferente.
Mas tenho Cristo e ele me diz que devo ser forte.
Que não posso ter tudo ao mesmo tempo e que AMANHÃ será um novo dia.
Amo muito meus netos. Sinto a falta do abraço quentinho, das palavras:
Vovó te amo!
Em outubro vi Ariel, vi Ludmila... Ariel me pediu para que eu não a deixasse.
Como isso dói... dói tanto.
Mas amo Nelson e sei que ele me ama desesperadamente.
Sou grata por esse sentimento e o vejo querendo a todo custo me satisfazer.
Vejo-o querendo me fazer rir e nem sempre estou rindo.
É NATAL.
E há um presente: ISIDRO!...
É Natal.
Uma data onde o comércio antecipa sentimentos.
Onde o mundo investe no sistema material, mas eu nunca passei Natal sem meus filhos, s
em ver meus netos.
Fazer o que?
Pelo menos estou amando e sendo amada.
Aproveito esse texto para agradecer a todos os que me incentivaram a permanecer viva.
Peço também perdão aos que sem querer magoei com minhas decisões. Sou humana.
Muito obrigada meus amigos e familiares.
Muita paz para todos.
Beijos no coração.