MORTE: COMO ACEITAR?
Você hoje pode sentir-se injustiçado diante da morte de alguém querido. Ou hoje você pode pensar que tudo seria diferente, ou que sua existência seria outra caso a fatalidade não o houvesse alcançado. Ou pode temer o dia em que você mesmo irá simplesmente... partir.
Há poucos dias Steve Jobs – fundador da Apple – faleceu. Em seu discurso, frente a uma plateia de estudantes da Universidade de Stanford, nos EUA, em 2005, ele afirmou: “Lembrar-me de que todos estaremos mortos em breve é a ferramenta mais importante que encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas na vida”.
A concepção de 'passagem' assusta, pois sempre vem a pergunta: o que virá depois?
Além disso, a morte pode ser vista por diversos ângulos:
. traz separação, porque não podemos mais dispor da companhia de quem partiu;
. muda destinos, uma vez que – súbita ou com hora marcada – ela traz novos caminhos;
. não faz acepção, pois vem para ricos e pobres, intelectuais e incultos, jovens ou velhos.
O ciclo da vida humana parece algo injusto, pois nasce o bebê – sem capacidade ou autonomia -, dedica parte de sua vida para crescer e aprender – algo obrigatório, pois mesmo Jesus teve tal experiência (Jo 1:4). Depois essa criança tem uma vida adulta que deverá ser produtiva e, então, surge o declínio (Mt 1:8-25; Lc 2:39-52).
Acontece que somos únicos e amados. Não somos apenas matéria.
Então, tal injustiça não existe, pois nada mais é que a forma de Deus nos oferecer uma OPORTUNIDADE para que alcancemos o que realmente interessa: a VIDA ETERNA, i.e., uma existência junto a Ele.
Cada dia compara-se a uma página em branco, na qual podemos escrever – e realizar – nossos maiores sonhos.
Sentir-se vivo, alegre e com boas expectativas é algo somente alcançado de dentro para fora, e tal novidade na alma só acontece com a presença do Eterno.
O avanço dos anos nos faz lembrar que a velhice chega. Alguns aspectos são facilmente descritos, e notamos queixas de mulheres que passam a pintar os cabelos ou notam as maçãs do rosto com pouco realce; ou que ainda não tiveram filhos e têm medo de não poderem mais; de homens que sentem menos disposição para tarefas que antes faziam sem qualquer preocupação; de pessoas que passam a ter uma dor aqui, outra ali.
Pois bem. Evidencia-se que nem sempre seremos jovens.
Mesmo que a morte física pareça algo muito desagradável para nós, Deus chega a colocá-la como algo positivo para aqueles que o amam:
“Preciosa é, à vista do Senhor, a morte dos seus santos.” (Sl 116)
A verdade é que a mocidade começa na mocidade, o que pode parecer ou absurdo ou óbvio. Mas entenda que há pessoas de pouca idade que se sentem velhas e, desta forma, jamais serão efetivamente jovens.
Para que você possa aproveitar a sua vida é importante lembrar que Deus é a fonte da juventude, e deve começar a beber dessa água nos primórdios de sua vida, pois a tendência natural do homem é sentir-se menos capaz de chegar a Deus na medida em que passou anos e anos longe do Criador.
Quando eu tinha nove anos, já conhecia a Palavra de Deus, mas faltava-me a convicção de salvação, o que somente tive aos 10 anos. Diante disso, minha breve oração noturna incluía, sempre, uma petição singular: “Que eu possa viver até os trinta anos”, pois tal meta me parecia distante, em um futuro invisível.
Neste ano irei completar 69 anos, e aprendi muito de Deus ao longo da vida, principalmente que a jornada terrena não passa de uma ante-sala acanhada, se comparada com a eternidade.
Pensando bem, a grande questão não é morrer, pois acabamos admitindo que todos deverão passar por isto, de acordo com o veredicto divino lançado para Adão (Gn 3:19).
Mas parece que a grande questão é a tese de que o passar dos anos nos enfeia, nos diminui e nos enfraquece.
Por isso, não se faça velho e não se sinta velho por conta própria. Saiba que um reflexo físico da motivação espiritual é justamente parecermos mais jovens:
“O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate.” (Pr 15:13)
E não se sinta injustiçado pela morte. Os caminhos da nossa vida são muitas vezes misteriosos, mas em todos eles Deus está presente para dar apoio e conforto.
A chave é aprender a contar sabiamente seus dias, lembrando que tudo que já realizou e mantendo acessa a luz sobre a vontade de fazer muito mais no futuro.
Lembre-se de que não estamos aqui falando em fonte de juventude, remédios espetaculares ou intervenções plásticas, o que têm seu lugar. Mas falamos, sim, do Criador, que pode fazer mais do que pedimos ou pensamos (Ef 3:20-21).
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