A arte de viver em paz (a tampa da panela)

Quando estudamos física e química no colégio, aprendemos uma expressão muitas vezes repetida:“em condições normais de pressão e temperatura”. De fato, pressão e temperatura têm tudo a ver com o que ocorre dentro de panelas...


E por fora, os fabricantes também capricham quando o assunto é tampa de panela. Nas lojas, encontramos lindos conjuntos que combinam com nossa cozinha, mas essa harmonia não representa a razão maior da sua existência.

Na verdade, boas tampas produzem vedação dentro do recipiente e favorecem o cozimento dos alimentos, fundamento, inclusive, das chamadas panelas de pressão.

Mas se as panelas podem ser construídas juntamente com suas tampas, ajustadas e adaptadas para servirem perfeitamente, quando falamos “de gente” a coisa muda completamente.

Usando certa liberdade literária diria: “Pessoas são pessoas, nada mais do que pessoas”, com particularidades, defeitos, liberdade de escolha, sem falar das marcas da vida, que, muitas vezes, arranham, amassam e até quebram a estrutura.

Mesmo que intactas, essas vidas têm dimensões diferentes e, por isso, provavelmente não poderemos ajustar panelas de certo tamanho com tampas de outro.

Tal verdade parece nos levar a um impasse de convivência, mencionado, inclusive pelo profeta Amós, que afirma ser impossível que duas pessoas andem juntas com objetivos diversos (Amós 3:3).

Tal ponderação, que parece lançar pá de cal sobre a esperança de um convívio pacífico e feliz entre pessoas, no trabalho, no lar, na vida urbana, nos indica, entretanto uma grande saída.

Exatamente, pois, se não podemos montar pares perfeitos de panelas e tampas, conseguindo uni-las sob o aspecto estético, podemos fazê-lo em relação a objetivos comuns.

Isto envolve, contudo uma outra ponderação, uma vez que, sendo perfeitamente possível trabalhar com uma tampa maior do que a panela, para preparar uma boa refeição, não se pode usar tampas pequenas em panelas grandes, pois elas cairão dentro do recipiente e não terão contribuição.

Isso quer dizer que se eu sou uma panela e vou me unir a uma tampa, para um objetivo comum, preciso ser menor do que ela? A resposta é SIM.

De fato, e, pela busca da grandeza, muitas relações têm se perdido, e, com elas, objetivos extremamente válidos e felizes. Motivo pelo qual Jesus nos orienta a respeito da maior de todas as metas do universo: o reino de Deus, dizendo:

“Mas não sereis vós assim: antes o maior entre vós seja como o menor; e o que governa como quem serve” (Lucas 22:26).

È evidente que a idéia não parece muito conveniente sob o enfoque humano, mas a concepção divina é muito mais sábia, e nos leva à paz e à felicidade, pois trabalha em objetivos, e não somente para o hoje.

E, cá, entre nós, mesmo no que tange aos aspectos imediatos, onde nos tornamos menores parece desvantagem, Deus garante que quem está servindo a panela pequena é, na verdade, a tampa grande, e não o inverso:

“Foi-lhe dito: O maior servirá o menor” (Romanos 9:12).

Texto de autoria de Pastor Elcio Lourenço. Pastor desde 1968.

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