SEPULCRO DE UMA DÉCIMA NOITE

A Décima Noite de tantas primaveras vividas enclausurada num tumulo

Tumulo não feito de pedras, mas com o desejo ardente da felicidade

Felicidade que se foi por não admirar a mais bela das estações

Estação primaveril de flores sem pétalas

De rosas sem aroma

De jardim turvo

Primavera que aos poucos se desaparecia e reaparecia com o arrependimento vulnerável que igual a um bumerangue não consegue firmar o seu destino

Décima Noite de tantas outras... Mas, sem o reflorescimento da flora e sem nada para cultivar

Décima Noite numa sepultura sem fim que aos poucos deixo enterrar um pedaço de mim.

Décima noite sem ósculos e sem amplexos num prenúncio da infelicidade sem fim.

Décima Noite que não nos livrará das lágrimas que substituirão as pétalas do sorriso da mais bela flor.

Décima Noite que empurrei para o abismo e acabou caindo no jazigo.

Décima noite com espinhos fora do caule

Décima Noite triste, infeliz, mal-amada, sem mais esperanças...

Décima Noite afundada na tumba dos meus erros.

Décima Noite...

***Sentindo-se culpado na Décima Noite do fim da estação da Primavera de 2018