O ancião

O velho

Perguntei ao velho,

por que era tão só,

ele simplesmente a

mim me respondeu:

que o era pelo

simples motivo

de ter envelhecido

ao sonido da nota dó

e; de ainda estar vivo

ao aproximar-se do pó.

Portanto, o esquecimento

lhe fora concedido

pela própria

natureza do amor.

humano, por dó maior.

Sem inculpar ninguém,

seguia o seu caminho

sorrindo sozinho, além,

coberto de flores

e seus espinhos.

Seus sonhos eram plenos de amores

por sobre os espinhos de seus dias

de refinados estertores,

bem além do além.

Onde estariam

seus descendentes?

Fato corriqueiro e recorrente...

Seus amores ocultavam-se

dentre aqueles abrolhos

de flores em seu velho

caminho como se fora

guardado a sete chaves

dentro dum antigo escaninho

poeirento e grave, trancado sem chave.

Às vezes os mais queridos parentes

tornam-se friamente indiferentes.

O tempo é o melhor remédio

a solucionar tais problemas de tédio,

colocando todos na posição horizontal,

onde findarão as orgulhosas vaidades

vislumbradas por velhos diademas

os quais também criaram a feiura

de seu azinhavre sobre o belo cobre

que cobre o que sobre,

sobre o velho pobre .

O ouro somente

tem o simplório valor

quando a vida faz alguém admirá-lo

e mais nada de inútil poder-se-á acrescentar

a essa ilusória plateia de panaceia e placebos fúteis.

Naquele momento de exílio a porta se abre,

era chegada à hora de fechar o asilo…

Grato pela visita pela qual o meu ser todo se agita.

Ao encontrar o meu neto transmita-lhe meu afeto.

À minha nora lha diga que deixarei a fadiga

logo que a mim me chegue a aurora.

Ao meu filho dê-lhe um beijo

mesclado de forte

ensejo.

Então, o portal se fecha.

jbcampos
Enviado por jbcampos em 16/04/2018
Código do texto: T6310337
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