Para o amor.
Eu vou embora.
E quero te pedir desculpas por isso, mas é que não consigo ficar.
Desculpa. Mas você chegou numa hora muito errada.
Não consigo ser carinhosa como você é.
Eu simplesmente vou me levantar e me retirar, com apenas um tchau.
É que o medo talvez seja minha maior certeza de que não quero estar com você.
Eu vivo muito bem sem você.
E sou feliz vivendo você em outras formas que a vida me proporcionou, sendo filha, irmã, amiga..
Mas eu não consigo com que você faça que eu seja o amor de alguém.
Talvez eu seja o oposto do seu clichê que eu tanto odiava, mas com o tempo aprendi a admirar.
Mas é que eu não acredito na tua existência.
Porque as pessoas pegaram você e moldaram.
Você não é mais puro.
Você não é mais lindo.
Você não é mais real.
Na teoria, sim.
Mas na realidade, não.
E eu não quero fazer o teste.
Não quero fazer parte do jogo que as pessoas inventaram que você é.
Eu não quero procurar.
Não quero me arriscar.
Não quero fazer parte disso.
Eu fui um erro de fabricação seu, e está tudo bem.
Eu não tô no padrão, e já aceitei isso.
Eu não consigo confiar que as pessoas são sinceras com você e nem com elas mesmas, como serão comigo?
Eu não consigo pegar na tua mão..
Talvez, algum dia sim, mas hoje, não.
Me desculpe, mas eu aprendi a correr sozinha e brincar pelo caminho.
Aprendi a sentir intensamente minha liberdade, e ela sim, é pura e real pra mim.
Sei que você também é liberdade,
Mas ninguém te enxerga dessa forma.
Percebi que eu não preciso da tua mão.
Eu não preciso do teu clichê.
Me desculpe, só que de mim, você não terá nada.
Mas agora, eu só queria ter coragem pra ir embora, e não chorar por isso..
Sou fria. Mas teu calor queimou um pedaço de mim.. E isso já dói.
Não quero me queimar por completa,
Porque me acostumei a ser gelada.
Tua queimadura vai passar com umas pomadas,
Mas se me queimasse por completo, seria um desastre: uma queimadura de terceiro grau.
Não quero me queimar assim.
Talvez um dia esteja pronta pra te receber quente.
Mas agora, quero continuar a viver no meu frio maravilhoso.
- Thaís Cordeiro.