Velha Inimiga
E lá vem ela novamente, enchendo minha mente de pensamentos auto-destrutivos.
Me privando de mim mesma, me impedindo de me libertar.
Infelicidade é saber da podridão de causa e consequência da sua existência, da sua aparência, do teu semblante.
Ela que, ao se aproximar me deixa fraca, me suga, me desfalece.
Me esgota, me deprime, me sufoca e os poucos me esgota...
Mas por que tu vens agora?
Ela que debocha de mim, ri-se, diverte-se.
Mas por que insisto em recebê-la? Em aceitá-la?
Depois de tempos convivendo com sua ausência, com a carência, de tudo.
E lá vem ela batendo em minha porta novamente... eu atendo?
Se eu a acolher sei que significará a minha morte.
Mesmo que eu consiga libertar-me dela, ela sempre volta e eu insisto em escondê-la em mim...
Contudo, creio não ser dessa vez que a deixarei tripudiar de mim, desdenhando minha derrota.
Envergonho-me, porém, gosto da sua presença, dessa falsa ideia de controle mental, físico, psicológico, sobre tudo.
Talvez seja pelo fato de me sentir completa ou de poder desviar minha atenção de outros pensamentos e, talvez, os mais importantes.
Deixá-la me invadir por completo, abster-me de mim, me ocupar, me distrair... aliviando outras dores.
Vá, querida inimiga, vá e não volte, mesmo que eu goste da sensação de estar com você, e você em mim.
Se vier bater em minha porta novamente, creio não atendê-la e não irei abrigá-la, sinto muito, não posso fraquejar.
Vai-se embora, querida inimiga, e não volte..
Vai-se embora, inapetência.
Vai-se embora...
ANOREXIA.