RANZINZA
Quero te pedir desculpas por eu ser tão ranzinza,
Sinceramente não sei o que me aconteceu
Cansei de tudo, estou com a mente e o coração cheios,
Qualquer frase, qualquer palavra está me contrariando
Estou sempre fazendo minha auto-análise de vida
Coloco na balança da consciência todas as vivências
Estou com cinquenta e um, indo pra dois daqui a pouco
Eu vejo na TV, no rádio, revistas semanais e nos jornais
O emaranhado de arbitrariedades que fazem conosco
E meu espírito arma-se até os dentes,
Esperando uma oportunidade para explodir em revolta
Fico chateado de ver as pessoas engolindo esses sapos
Minha garganta arranha de tanta vontade de gritar
Somos um povo manso demais, não reagimos a nada
Falo por mim, estou bem irritado com essa situação
Tudo isso está interferindo nos meus relacionamentos
Estou enchendo os pulmões de ar e enchendo a caixa,
Depois esvazio lentamente e isso me relaxa um pouco
Mais uma vez, te peço desculpas, você não merece
Essa minha cara de amuado não é fácil de se ver
Nem eu me aguento quando me olho no espelho
Juro que na próxima eleição vou votar nulo
Estou cansado de ser enganado, roubado e forçado
Cada tostão que sai do meu bolso para sustentar essa corja
Sai gritando, se esgoelando como se tivesse vida própria
Vou tentar me livrar dessa escuridão que impulsiona a minha boca
Vou comprar um saco de areia para socar até cair
Vou colocar ali a foto dessa politicalha tranqueira e sem respeito
Vou me acabar até não sobrar nenhuma faísca de ódio ou rancor
Tenho medo até de ir para numa fila de hospital qualquer
Desses que não tem verba para tratar quem é do povo
Não sou político, nem velho nem novo, para ser tratado
Em hospital de ponta como o Albert Einstein
É ali que políticos nacionais são tratados a peso de ouro
Com o nosso sangue que se esvai no suor da luta diária
Me desculpe mais uma vez, passa aqui para tomar uma caipora
Aquela com torresminho que dividimos da última vez
Um grande beijo, te amo viu. Até daqui a pouco.