PERDÃO, DOLCE BÁRBARA! PERDÃO, DOLCE BÁRBARA!
Dia trinta de novembro. - Vou colocar este lembrete grudado debaixo da base do meu monitor LCD, em letras garrafais, pois esquecer-me dessa data, será um pecado sem perdão; algo inadmissível; um horror! É como passar um atestado de irresponsabilidade civil. Alguém que não responde mais por seus atos. Oh! Céus, não permita que isso aconteça. Será o caos, um verdadeiro desastre!
- Mas, e essa sua correria por conta de doenças em casa, na família e que tudo recai sobre seus ombros... Você vai se esquecer!
- Não vou não... Veja o imenso alerta que grudei no pé do monitor, que atrapalha a visão do teclado – é preciso dobrá-lo para enxergar direito. Vou esquecer nada...
Dia três de dezembro – aniversário de Nicole. Esqueci-me (e ela é minha afilhada). A mãe, minha enteada, telefonou mais tarde – a festinha seria no sábado dia quatro.
Dia quatro de dezembro, sábado, dia de faxina. Minha secretária chegou cedo, começou a limpeza habitual – ela tira tudo do lugar e depois recoloca, nem sempre nos lugares certos. Preciso ir organizando, mais tarde. Sem que eu me desse conta, ela retirou o lembrete da base do monitor e jogou no lixo; precisava limpar tudo, aquela folha de papel imensa, com letras enormes, foi para o lixo.
Passei a tarde toda na festa. Pessoas amigas que eu não via há anos; papo gostoso; comida à vontade (e eu de dieta); cantamos parabéns – bolo de brigadeiro com morangos
(e eu de dieta).
Mas, qual a finalidade de todo este “relatório”? Ah, o lembrete! Já ia me esquecendo do alerta imenso que havia deixado na base do monitor e que a secretária jogou no lixo. Nele, escrevi assim:
DIA O4/12 – ANIVERSÁRIO DE BÁRBARA!!!
NÃO ESQUEÇA... NÃO ESQUEÇA... NÃO ESQUEÇA...
O lembrete foi para o lixo e eu.......ME ESQUECI! E agora, cinco longos dias após, o que fazer, senão pedir perdão pelo lapso de memória (cada vez mais freqüente), a essa menina poeta que aprendi a amar e admirar? Essa moça guerreira, decidida, forte e, ao mesmo tempo tão frágil, delicada e sensível que encanta com seus poemas curtos, contundentes e belíssimos? Que conquista, cada vez mais, milhões de leitores, fãs e amigos, com sua ternura e meiguice?
Apenas isso, o que me resta, Bárbara - envergonhadíssima, pedir-lhe que me perdoe! Esqueci-me de seu aniversário, não por ausência de você em meu coração, mas pela ausência de memória. Meu HD está lotado de informações inúteis, problemas que preciso deletar para desocupar espaço e poder preencher, com coisas agradáveis – como o seu aniversário – os megabytes de minha memória.
FELIZ ANIVERSÁRIO (ATRASADO) QUERIDA BÁRBARA!