Pra Zélia
Zelinha Xará Freire,
Estes dias tenho acordado, como dizem lá em Minas, "com a vó atrás do toco"...
Estou passando por uma fase meio complicada, um inferno astral pra astrólogo nenhum botar defeito, algo que tira a gente dos estáveis eixos do conforto e do bom senso. E que, de quebra, nos faz compulsivamente rosnar baixinho pra mão que nos afaga e mostrar os dentes malcriados pra quem nos sorri gentil, com toda a insana injustiça que nos acomete nestas ocasiões.
Daí a minha acidez literal -- a do estômago e a do humor.
Mas nada disso justifica a minha ranhetice, a minha implicância. E por isso peço, humilde e contrita, desculpas a você.
No entanto creia, porque é verdade, a minha implicância tem um quê de carinho, ainda que atravessado e torto. E não tem nada a ver com você, de quem eu gosto tanto e assim "de grátis", porque você me inspira bons sentimentos com seu jeito tão afetuosa e delicadamente característico, o seu jeito zelístico de ser.
É que ando de mal com a filosofia (pobre coitada), com as idéias abstratas que tentam explicar o concreto mas que, no final das contas feitas e refeitas, não resolvem nada. Pelo menos agora, nas atuais circunstâncias que exigem solução prática e objetiva. Estou num daqueles momentos em que a especulação filosófica, de roldão com qualquer abstracionismo, mais me parece como a prática onanista mental sem gozo, se me permite a comparação um tanto grosseira, mas que exprime com perfeição o que eu quero dizer. E, afinal, a filosofia tampouco tem algo a ver com os meus "pobremas". tsc tsc tsc...
Espero que você compreenda e releve, ainda que eu não o mereça, minha amiga virtual mas não menos querida. E, por meu lado, prometo que tentarei refrear a implicância injusta e descabida com quem não a merece tampouco, muito menos você, está bem?
Um beijo "desacorçoadamente" apologético na testa.