Certa vez, referindo-se ao ato de presentear, um sábio disse que precisamos dar ao outro a sua própria pérola.
Dar ao outro a sua própria pérola? Como assim? A princípio fiquei confusa, porém logo me pus a revirar os arquivos da mente em busca de situações onde presenteei e também fui presenteada nestes moldes.
Com assombro, constatei que raramente oferecemos ao outro a sua própria pérola ou somos presenteados com algo capaz de provocar o brilho nos olhos, transbordando em lágrimas a nossa alma.
Voltando no tempo, deparei-me com a imagem do jogo de copos de cristal que, amorosamente, ofereci à minha mãe no "Dia das mães de 1997"... Também me veio à memória o bolo de ameixas que ela amava - presente que dei no último aniversário de sua jornada terrena (04/08/2016) -, o brilho naqueles olhos cansados e as lágrimas... Nesse dia, por alguns segundos, minha mãe conseguiu romper os grilhões da doença de Alzheimer em estágio terminal que a prendiam e ser ela mesma. Foi lindo demais!
Nossa mãe era uma mulher desprovida de bens materiais, porém afortunada emocional e espiritualmente. Então, após sua morte em novembro de 2016, nós (filhos) decidimos que cada um ficaria com os objetos que a tinha presenteado ao longo da vida. Foi assim que eu encontrei a caixa com os "preciosos copos de cristal" intacta...
Agora sei que os copos de cristal eram a minha pérola naquela época, jamais a dela... Ontem, o céu estava em festa, pois um bolo de ameixas foi servido... Feliz aniversário, amada Mãe!