O PARTENON LITERÁRIO 2004 – 136 ANOS

* Nadir Silveira Dias

A Sociedade Parthenon Litterario foi criada em 1868 e extinta por volta de 1925, mediante a doação de terreno que tinha obtido para a construção de sua sede, pois de fato já deixara de existir desde 1885 quando paralisou os trabalhos associativos.

E depois de 112 anos, reiniciou as suas atividades em 1997 a partir de um grupo de intelectuais interessados em prosseguir com os postulados daqueles próceres de 1868, Apolinário José Gomes Porto Alegre (O Vaqueano, 1872), os irmãos Apeles e Aquiles, Antonio Vale Caldre Fião (A Divina Pastora, 1847, e o Corsário, 1851), João Damasceno Vieira Fernandes, Arthur de Carvalho Candal, Múcio Scevola Lopes Teixeira, Bernardo Taveira Júnior, dentre inúmeros outros que, à época, eram a favor da república, contra a escravidão, em prol da causa da mulher (Luciana de Abreu foi a primeira mulher a subir na tribuna para falar em público), além da política, da oratória, da educação, do teatro, da prosa, da poesia, da literatura, enfim. Juridicamente, no entanto, apesar de dizer-se que a Sociedade reiniciou as suas atividades em 1997, o que houve, na verdade, foi a re-fundação da extinta entidade, ora dita em sua fase Século XXI.

Os sócios não estavam e não estão atualmente presos ou subordinados a qualquer tipo fechado de literatura. Aliás, no espectro de suas atividades, a Sociedade conta com juristas, poetas, prosadores, artistas plásticos, jornalistas, músicos e atores. É ecumênica, por excelência, como bem se pode concluir, a Sociedade Partenon Literário que, no aspecto, preserva a exata orientação a que se filiaram os seus fundadores originários, há quase 136 anos, que completará em 18 de junho de 2004.

Recentemente, enquanto sócio fundador e Vice-Presidente, propus a estruturação da área de publicações e tive integralmente aprovada a proposta pela Diretoria e pelo plenário. A entidade conta agora com mais seis publicações, além da tradicional Revista do Partenon Literário (na verdade livro), ora em seu número 4. E são elas: Coleção Autores Reunidos, Coleção Prata da Casa, Coleção Nossas Letras, Coleção Letras Jurídicas, Coleção Palestras do Partenon e a Coleção Arquivo e História.

A antologia literária Genesis se constituiu no primeiro volume da Coleção Autores Reunidos, quase ou praticamente esgotada no seu lançamento, em novembro de 2003, e já se encontra em fase final o volume II, com algumas vagas e ainda sem título definido.

Com isso se verifica que existem inúmeros autores por publicar e existem escritores consagrados que se dispõem, sem quaisquer preconceitos, a escrever e publicar junto com autores que, ainda no ensino fundamental ou médio, se envolvem com os dons da literatura. De resto, como foi o caso do próprio Múcio Teixeira que ingressou no Parthenon Litterario com quinze anos, por sinal, dentre inúmeros outros integrantes, naquela ocasião, e agora na atualidade, como é o objeto de recente publicação, “A Mocidade do Parthenon Litterário”, de Benedito Melgarejo Saldanha, que se tornou sócio após o lançamento.

No ano de 2003 deu-se a comemoração dos 135 anos com uma Exposição Lítero-histórico-fotográfica na Câmara Municipal de Porto Alegre. Além de exemplares raros, a exposição contou com fac-símiles das capas dos autores contemporâneos integrantes da Sociedade Partenon Literário.

Neste ano de 2004 a exposição se fez na Sala de Exposições “Memorial Erico Verissimo”, no 3º andar do Centro Cultural CEEE Erico Veríssimo.

A propósito, o prédio onde se encontra localizado o Centro Cultural foi construído entre 1926 e 1928 pelo engenheiro Adolfo Stern, e em 1929 recebeu a inscrição Força & Luz na fachada. São 2.775 m² de área construída em plena rua dos Andradas, no centro de Porto Alegre.

Sintetizando, a Exposição estará sendo apresentada nos seguintes termos:

“A Sociedade Partenon Literário agremiou prosadores, poetas e homens de teatro. Bateu-se pela abolição. Procurou libertar a mulher de preconceitos. Levantou o primeiro registro das tradições e lendas locais. Dedicou especial atenção ao teatro e atividades culturais. Criou a imprensa literária e futuras editoras”. Guilhermino César

Nos dias 15 a 19 de junho, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, foi realizada a Exposição Histórico-Fotográfica da Sociedade Partenon Literário comemorativa da passagem dos 136 anos da sua fundação.

A mostra teve por objetivo divulgar ao público em geral a trajetória da entidade que se dedica à literatura e à arte, constituindo-se em uma das Sociedades mais importantes e representativas no cenário da cultura nacional.

Atualmente reúne escritores, poetas, atores e músicos, difundindo as mais variadas formas de cultura.

Fundada por Caldre Fião, pelos irmãos Apolinário, Apeles e Acchylles Porto Alegre, o Partenon Literário precedeu 30 anos a Academia Brasileira de Letras e publica diversas obras literárias, bem como a tradicional Revista Literária, ora em formato de livro.

O saite (http://www.cccev.com.br) do Centro Cultural Erico Veriismo destacou com as seguintes palavras a exposição:

“Partenon Literário

A exposição fotográfica e histórica "Sociedade Partenon Literário" comemora os 136 anos da fundação da instituição, em 18 de junho de 1868. Composta por painéis e volumes históricos, como "A Divina Pastora", de Caldre Fião, primeiro romance da literatura gaúcha, e "O Vaqueano", de Apolinário Porto Alegre, traz também alguns volumes atuais, lembrando, também, os sete anos da refundação do Partenon Literário em 19 de julho de 1997.

A Sociedade Partenon Literário data da metade do XIX, quando pela primeira vez o Rio Grande do Sul teve uma agremiação literária desse porte. Publicava uma revista que foi um marco, numa época em que as publicações duravam um ou dois números, a do Partenon durou dez anos. Mas seu principal valor é o histórico, por causa das idéias difundidas por seus membros, muito avançadas para a época.

Apesar da sociedade da época, escravista e imperialista, onde as mulheres eram submissas, os partenonistas discutiam e defendiam a liberdade de escravos, a emancipação da mulher e a proclamação da República.

Chegou a ter 138 sócios. Além disso, a sociedade não ficou fechada em si mesma. Ela ligava o interior com a capital, Porto Alegre, numa clara inspiração de seus ideais republicanos e abolicionistas.”

Aliás, por ocasião da abertura da solenidade de entrega à sua associada Margarete Moraes do pergaminho “Pioneirismo Feminino no Partenon Literário” em reconhecimento ao seu apoio à literatura e à cultura, em 18 de junho de 2004, manifestei-me no seguinte sentido:

Senhoras e Senhores! É de todo provável que não estejamos aqui reunidos para comemorar novos 136 anos da Sociedade Partenon Literário. Portanto, aproveitemos este momento. Ele é único. Não se repetirá!

E muito ainda há o que fazer, a partir do reinício das atividades em 19 de julho de 1997. Oxalá que nos próximos 136 anos possamos bem marchar no desenvolvimento dessa nossa atividade com condições mais dignas e perenes, como é a própria lida-sina do ato de escrever, do ato de fazer literatura!

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 14/09/2005
Reeditado em 16/09/2005
Código do texto: T50306
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