FESTA VIRTUAL

"Bartira me tira o ar, quando inspira meu orar...Bah, tira todo o meu ar, ao me estimular a mergulhar no miraculoso mar...Do angelical sorrir e rimar...Se ess'amizade voê pode amar, então me permito, com esse infinito amar, me maravilhar...e repito: Amizade é amar, ah, o maior mar."

(L.R.M.)

Começamos os preparativos há alguns dias. Iniciamos a contagem regressiva. Era preciso outro tipo de preparação, colocar em campo a imaginação. Amigo Lind, poeta caro ao coração e à alma, amado, posso dizer. Sim. Valiosa presença em nosso cotidiano, poetizando sobre alegria e tristeza. Fizeste a lista de convidados, não esqueceste de ninguém? És um felizardo, pois que nessa lista há mais mulheres do que homens, quase um harém a cuidar de ti. Mas sabes, na medida certa, distribuir versos e delicadas atanções. Em seguida, pedi que imaginasses a cena. Já o fizeste? A festa será ao ar livre? Não creio. Com esse frio, espero que tenhas preparado uma sala aconchegante, com lareira acesa, talvez um fogão à lenha, um bom chimarrão na roda. Chimarrão mesmo, nada de tererê, que não gosto e nesse frio não cabe. E aquele vinho da colônia, um bom queijo e um salaminho. Isso nos basta. Não te preocupes com muitos arranjos, para não cansar. E pensa nos lugares, em como vais distribuí-los, não esquecendo que a Jê e a Li (star) vão chegar mais tarde (depois saberás o motivo).

Por mim, cuida das flores, pois sabes que Bartira sem flores não é nada. E, se Bartira tira teu fôlego, é porque ela te quer bem, mas acima de tudo, é também porque ela já viveu e sofreu, não o mesmo que ti, talvez nem mesmo tanto, mas já sofreu sim, e pode entender-te. Mas querido amigo, anima-te. Deixemos essas coisas prá lá. Planejei esta festa porque imagino que queiras comemorar com esta sua pequena família. E Bartira é de câncer, você sabe, família é com ela (mesmo quando se trata de falta);Bartira tem ascendente em gêmeos, e você sabe, imaginar é com ela (mesmo quando se trata de festas). Bem, vamos continuar, e para poder continuar, já que chegou o dia da festa, preciso esclarecer como a idéia surgiu. Na instituição para cegos, onde presto serviço, costuma-se comemorar todos os aniversários. Acontece, Lind, que lá ninguém vê ninguém. Ora, me diga se não se parece muito com esta festa virtual que te proponho. Entre os usuários, há uma senhora que sempre canta os parabéns de uma forma que Bartira não conhecia. Deve ser invenção dela, mas não dá prá ter certeza. Lind, é muito lindo e emocionante quando cantamos isso, todos juntos, sem que eles jamais tenham visto nossos rostos. Há alegria e há sorrisos, apesar de tudo.

Apesar de tudo, Lind, essa vida frágil e transitória que carregamos e que nos carrega, merece ser celebrada. E, nessa festa que planejei, duas pessoas importantes que não poderiam estar presentes, a Srª sua mãe e sua esposa amadas e pranteadas, poderão estar conosco ( a elas os lugares de honra na câmara secreta do seu coração!). Vamos parar de ouvir Chopin ( Nocturno in C-Sharp Minor) que nos emociona tanto e vamos apagar as luzes. A Jê e a Li (star) estão entrando com o bolo cheio (acho!) de velinhas. Vamos nos alegrar e cantar:

" Parabéns nesta data querida,
Mais um ano de vida que tens.
Vamos todos cantar prá você:
Parabéns, parabéns, parabéns.

Eu não tenho nada prá lhe dar,
Nem tampouco para oferecer,
Peço a Deus e Nossa Senhora,
Dê saúde, alegria e prazer.

Vamos todos cantar prá você
Parabéns, parabéns, parabéns.

Hoje é o dia do seu aniversário,
Há tanta gente chegando prá lhe ver.
De que 'adianta' tantas flores e presentes,
Se o presente que eu mais quero é você!

Vamos todos cantar prá você,
Parabéns, parabéns, parabéns."

Agora, faço minhas as suas palavras. Sempre imagino chuvas de pétalas de rosas caindo sobre pessoas queridas, quando distantes.
Ah, se o excelso céu soubesse que é só seu o sucesso dessa prece! Talvez chorasse, com suave doçura, uma chuva de lágrimas, docemente milagrosas, que ao tocarem a face da confiante criatura, se fazem pétalas de rosas.

Um grande abraço de toda a turma, nesse momento unida pelo seu aniversário.


24/05/07