Dia Vinte e Dois de Março

É meia-noite, passados trinta e cinco minutos

Estou ainda acordado, chegando da escola agora

Venho de um dia longo de trabalho, de muito cansaço

Mas escrevo estes versos, dia vinte e dois de março.

Sentado à velha escrivaninha

Escuto o tic-tac do relógio

Que marca as horas, compassado

Eu escrevendo estes versos

Dia vinte e dois de março.

Tão sozinho, tristonho, deprimido

Lá de fora ouço barulho

De pessoas que passam de cadenciados passos

Enquanto escrevo estes versos

Dia vinte e dois de março.

Eu nem sei por que estou fazendo isso

Se não tenho agora nenhum compromisso

Se vivo como desocupado, sem saber o que faço

Por isso, estou escrevendo estes versos

Dia vinte e dois de março.

Vinte e nove anos completados

Mil planos perdidos e sonhos acabados

Na procura desenfreada de alcançar o sucesso

Neste dia invulgar que comemoro meu nascimento

Dia vinte e dois de março.

22/03/1980

José Guimarães e Silva
Enviado por José Guimarães e Silva em 22/03/2007
Código do texto: T421343