RIO GRANDE 2012 - 275 ANOS!

*Nadir Silveira Dias

A bela, marítima e aprazível cidade de Rio Grande, também conhecida como a “Noiva do Mar”, foi fundada pelo Brigadeiro José da Silva Paes em 1737 e se constitui na segunda cidade portuguesa na Província de São Pedro do Rio Grande, depois de Santo Antônio da Patrulha, de 1719, uma vez que o Rio Grande espanhol já nascera em 1626, ao noroeste, com a fundação de São Nicolau.

Desta feita, por ser data cheia, comemora-se também os 260 Anos do Povoamento Açoriano no Rio Grande do Sul. Rio Grande e todas as demais cidades de origem açoriana comemoram com fulgor, este ano em especial.

Por isso, evocando o branco, o azul-céu e o verde-mar que estampa em sua bandeira, em mais este significativo aniversário da querida “Noiva do Mar”, é que evoco uma prosa para que não se percam elementos que se constituíram em eventos e fatos da cidade e hoje já sejam apenas a sua memória, com o substrato atual.

Assim, a data de sua fundação em 19 de fevereiro de 1737 – 275 anos em 2012 – é por mim homenageada com a prosa que evoca tempos áureos e tem por título:

A ESQUINA DOS QUATRO VENTOS!

Na marítima cidade de Rio Grande que me acolheu e criou a ponto de tornar-me legalmente seu filho, pois lá me registrei em época próxima de ir servir ao Exército, ainda há uma esquina que corresponde ao título deste trabalho.

É assim conhecida porque também corresponde aproximadamente aos quatro pontos cardeais e nessa exata circunstância autêntico corredor de ventos, especialmente numa península em que somente não existe água por onde se chega por terra, vindo do norte para o sul e depois infletindo, de novo, para o norte, por onde avança até avistar-se, do outro lado do canal - encontro das águas da Lagoa dos Patos com o Oceano Atlântico que sempre invade um pouco as águas doces, apesar de um pouco já contidas pelos Molhes Leste e Oeste, da Quarta Seção da Barra, grande obra de engenharia para aplacar a agressividade oceânica, especialmente para as embarcações de grande calado que precisavam atracar no antigo Porto Velho e agora também no Porto Novo.

Aliás, é daí desse ponto onde se chega, o Mercado Público - junto ao Porto Velho - onde também estava o Embarcadouro para a Travessia desse Canal que se fazia por balsa ou por barcos para a também histórica São José do Norte (aquela mesma da minissérie “A Casa das Sete Mulheres”) que Bento Gonçalves se negou a incendiar na trágica noite de 16 de julho de 1840, então uma vila com 300 casas e 500 habitantes, por ocasião da Revolução Farroupilha, na fracassada tentativa dos farrapos de ter o domínio de uma saída para o mar.

E partindo-se daí para o Norte pode-se em tese alcançar a denominada Estrada do Inferno, trecho final da BR-101, cujo objetivo é alcançar o ponto extremo Sul do Brasil pelo litoral, e por terra, o Município de São José do Norte.

Esse trecho leva esse nome exatamente pela inclemência da orla oceânica para a construção e a manutenção da estrada cuja areia faz atolar qualquer vivente motorizado que se atreva a circular por ela.

A esquina dos quatro ventos é formada pela Rua Marechal Floriano com a Rua Benjamin Constant as quais constituem, na verdade, quatro esquinas, uma olhando para a outra, como se estivessem em vigília permanente à espera da próxima rajada, da mais áspera ou da mais ligeira ventania, do vento mais frio, do rigor mais cortante, em minuano ou pampeiro.

E esse denominador comum de referir-se apenas como se fosse uma só esquina decorre exatamente disso: Do fato de que nenhuma delas tem melhor situação estratégica de proteção do que a outra. São todas igualmente sempre com vento, com as variações decorrentes de cada época do ano.

E houve tempo em que a esquina dos quatro ventos foi também a esquina dos quatro bancos: Banco do Brasil, Banco Francês e Brasileiro, Sulbanco e Banco da Província, os três últimos hoje inexistentes porque fundidos ou incorporados aos poucos que restaram nesta sanha catastrófica de concentração de renda pelos organismos financeiros, tudo com o aval, com a autorização do nosso esplendoroso Estado Soberano de Direito através do respectivo governo da vez.

Para conhecer, é preciso mergulhar um pouco na história e conhecer a origem do Rio Grande português de 19 de fevereiro de 1737, da Catedral de São Pedro da Província do Rio Grande, primórdios da presença estatal portuguesa num Rio Grande que ao noroeste já era espanhol desde 1626.

Programe uma visita pessoal ou viaje virtualmente pelo saite http://www.riogrande.com.br/municipios/riogrande.htm !

Extraído do livro "DONA NADIR NÃO É DAQUI - Em Português, Espanhol, Italiano, Francês, Árabe, e..." - Crônicas, pp. 95-96, Nadir Silveira Dias, Ápex Edições, Porto Alegre, e Ediciones En La Cosmopista, Rosário, Argentina, 2011.

Mais ainda: Para quem tem no sobrenome a procedência dos Açores, especialmente a Ilha Terceira, a sua Angra do Heroísmo, a sua Cinco Ribeiras, e a sua Rua do Galo, do amigo Marcolino Candeias, é sobremaneira honroso propor esta saudação, esta homenagem.

Longa vida, bela vida, Rio Grande (!), Cidade – “Noiva do Mar” – que me acolheu e criou!

Para tiver muita saudade, programe uma visita pessoal ou viaje virtualmente pelo saite http://www.riogrande.com.br/municipios/riogrande.htm !

* Escritor e Poeta - nadirsdias@yahoo.com.br

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 19/02/2012
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