No primeiro exame, o Doutor me disse que eu seria uma porca criadeira e então pensei que você adoraria mesmo ter muitos irmãozinhos.
Muito tempo se passou e, na revisão, ficou entendido que houve um engano, e eu só seria mesmo mãe uma vez, e você, minha filha, seria filha única de mãe divorciada.
De minha parte digo que não tem importância se não fui uma porca criadeira.
Você nunca me disse o que pensa a respeito disso mas, por mim, também, tudo bem que ainda não tenha dito.
Quem sabe, um dia, não é mesmo?

Nos últimos exames, o Doutor me disse que você nasceria no dia 28 de Dezembro.
Fui correndo pesquisar a Astrologia para conhecer um pouco da capricorniana que iria chegar.

Na revisão, puxa, e quantas, nada de nascer criança dia 28 de Dezembro !
Eita! 
O Doutor me mandou de volta para casa.
Um calor danado naquela Colatina, acabou Dezembro, começou Janeiro... e menina não nascia.

E mais um calor danado naquela Colatina !
E tome sorvete, e vai mais um picolé. De todos os sabores, até de jaca, fruta da época.

Um dia me enchi, levantei cedo, botei vestidinho novo (era listradinho de azul e branco e um bolso com uma linda margarida aplicada, feito pela Ana do Agenar) e pensei:
" Vou zuar na rua. Olhar vitrines, tomar (mais) sorvete, comprar mais Palavras Cruzadas.
Sentadinha na cadeira do ônibus eu olhava o asfalto pegando fogo. Daria para fritar ovos.

Era 7 de Janeiro.
Feito hoje - mas não sei se você pode imaginar o fuzuê que foi no ônibus, até eu descer na casa da sua Tia Lita, com bolsa vazando para todos os lados.
Esta parte precisou de muita revisão. Muita, mesmo.

Parabéns, minha filha!
Outras revisões estão ainda por vir. Por enquanto, está de bom tamanho, não é mesmo?

E à noite estarei aí para meu abraço, com aquele bolo de chocolate que você tanto gosta.
Feito por mim- com o carinho de sempre!