FELIZ ANIVERSÁRIO, PAI
Hoje meu pai completaria 85 anos.
Oito meses já se passaram, e só agora as coisas começam a tomar seus lugares. Os espaços físicos que antes ele ocupava tomaram forma própria, como que se recompusessem.
É estranho. Agora, nos sonhos recorrentes com ele, o vejo como presença lúdica, uma referência ao que é, pois nos sonhos de agora, ele não habita mais o velho corpo. Apenas faz questão em dizer-me: Estou bem.
Sei que está bem, o Creador não desampara ninguém, ainda mais um dedicado pai de família. Nós estamos bem, também. E sei disso, ao ver minha mãe sair de casa, comprar um casaco novo de inverno, e passar uma tarde escolhendo um sapato para comprar.
Esta atitude pode parecer normal para muitos, mas para nós, filhos, é uma vitória; pois passou seis meses dividindo seu tempo entre dormir e dormir. Uma a duas vezes ao dia se alimentava apenas de “sopa de pão”. Para quem não sabe, são pedaços de pão mergulhados em uma caneca de leite morno.
Vê-la definhando-se física/espiritualmente é desesperador. Ficou dois dias sem falar comigo, pois ameacei interná-la. Talvez, médicos e corpo de enfermagem a fizessem se alimentar corretamente.
Mas, o tempo é boa solução. Hoje, minha mãe depositará flores sobre a Acácia companheira das cinzas de meu pai. Fico a imaginar se esta Acácia tem noção da qualidade deste Espírito, que habitou o corpo que agora são cinzas, e se fazem seu companheiro. Se não estivesse tão lacrado, com certeza o que sobrou de meu pai faria parte de suas folhas e flores.
Feliz aniversário, pai. Pois para nós, vive.
Hoje meu pai completaria 85 anos.
Oito meses já se passaram, e só agora as coisas começam a tomar seus lugares. Os espaços físicos que antes ele ocupava tomaram forma própria, como que se recompusessem.
É estranho. Agora, nos sonhos recorrentes com ele, o vejo como presença lúdica, uma referência ao que é, pois nos sonhos de agora, ele não habita mais o velho corpo. Apenas faz questão em dizer-me: Estou bem.
Sei que está bem, o Creador não desampara ninguém, ainda mais um dedicado pai de família. Nós estamos bem, também. E sei disso, ao ver minha mãe sair de casa, comprar um casaco novo de inverno, e passar uma tarde escolhendo um sapato para comprar.
Esta atitude pode parecer normal para muitos, mas para nós, filhos, é uma vitória; pois passou seis meses dividindo seu tempo entre dormir e dormir. Uma a duas vezes ao dia se alimentava apenas de “sopa de pão”. Para quem não sabe, são pedaços de pão mergulhados em uma caneca de leite morno.
Vê-la definhando-se física/espiritualmente é desesperador. Ficou dois dias sem falar comigo, pois ameacei interná-la. Talvez, médicos e corpo de enfermagem a fizessem se alimentar corretamente.
Mas, o tempo é boa solução. Hoje, minha mãe depositará flores sobre a Acácia companheira das cinzas de meu pai. Fico a imaginar se esta Acácia tem noção da qualidade deste Espírito, que habitou o corpo que agora são cinzas, e se fazem seu companheiro. Se não estivesse tão lacrado, com certeza o que sobrou de meu pai faria parte de suas folhas e flores.
Feliz aniversário, pai. Pois para nós, vive.