PIRATINI 2006 - 217 ANOS

* Nadir Silveira Dias

Foram intrépidos 48 casais descendentes da avançada civilização Atlântida, ilha-continente que dominava a navegação, as ciências e as artes, remanescentes da fidalguia dos imemoriais, místicos e míticos atlantes, uma colônia de imigrantes provindos das Ilhas dos Açores faz Piratini nascer nos idos de 1789.

Esses 48 casais vieram comprometidos na condição de residir, trabalhar e fazer um novo mundo a partir do seu estabelecimento na Coxilha de São Sebastião, área que foi dividida em 48 “datas”, tamanho equivalente a 250 hectares, concedidas por Carta de 6 de julho de 1789, por Ordem da Rainha Dona Maria I.

Aí, no entanto, já existiam portugueses desde 1777 com a instalação da Guarda do Posto no "Passo do Acampamento", no Rio Piratinim, pelos militares portugueses oriundos do Rio Grande, fundado quarenta anos antes, em 19.02.1737.

De resto, circunstância que vem corroborada pelo próprio fato de que a área onde se instalaram os casais provindos dos Açores deu-se exatamente em área que pertencera a José Antônio Alves, obtida pelo Governo por permuta de três léguas de campo que possuía por Concessão Régia nas Pontas do Rio Piratinim, por igual extensão na Coxilha de São Sebastião:

“Em 1789, por ordem da rainha Dona Maria I, o governo permutou com José Antônio Alves, três léguas de campo que possuía, por concessão régia, nas pontas do rio Piratinim, por extensão igual na Coxilha de São Sebastião e dividiu essa área em 48 "datas" de igual tamanho (cerca de 250 ha), concedendo-as, por Carta de 6 de julho, a 48 casais vindos das ilhas dos Açores, com a condição de ali residirem e trabalharem”.

Por isso mesmo, a data oficial de sua fundação em 6 de julho de 1789 – 217 anos neste 6 de julho de 2006 – é homenageada com um poema que evoca a perplexidade em franco cotejo com as reminiscências de feitos heróicos e que traz por título:

P I R AT I N I

Estás quase o mesmo

De quase duzentos anos

E cercado de rodovias

Ainda isolado, sem ligações!

Há dez anos atrás,

Caminhos era o que tinhas,

Trilhas com lajeadões

E rochas, apenas.

Era como se podia

Chegar até a ti

E tua Estrada Geral

Puro saibro, areião!

Ainda hoje estás isolado,

Por quê?

Pagando, ainda, quem sabe?

Pela pretensão libertária

De ver atendidas pela Corte

Justas reivindicações?

Ou simplesmente por quê

Fazes parte da Metade Sul?

Esquecida, desajudada,

Sem estímulos, e incentivos

Que tem a Metade Norte

Do Estado? Grande do Sul?

Piratini dos cerros, cerritos,

Coxilhas e caminhitos,

Da gente que pastoreia,

Da Revolução,

Do Museu Histórico,

Da Matriz da Conceição,

Sou teu filho, bem o sei,

E tu não o sabes, não!

Extraído do livro "Rastros do Sentir" – Poemas Reunidos, pp. 94-95, Nadir Silveira Dias, Porto Alegre, 1997.

Para conhecer, rever ou simplesmente matar a saudade, vá logo lá, ao menos virtualmente (http://www.riogrande.com.br/municipios/piratini.htm)!

Desse modo, neste ano de 2006 (06.07.2006), Piratini comemora 217 anos, oficialmente, ou 229 anos da instalação da Guarda do Posto no "Passo do Acampamento", no Rio Piratinim, em 1777, pelos militares portugueses oriundos de Rio Grande, fundada quarenta anos antes, em 19.02.1737.

Bela vida, longa vida, Piratini (!), Rincão Terrunho que me viu nascer!

Escritor e Poeta – nadirsdias@yahoo.com.br

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 06/07/2006
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