O DIA DE AMANHÃ
Pode ser num dia 2*, 5*, 6*, como pode ser num dia de sábado ou domingo. Pode ser em qualquer dia.Seja em que dia for, a terra em seu movimento de translação e rotação estará em sua eterna indiferença girando em torno do sol, e o dia terá a duração de 24 horas.
O céu como sempre, com seus luminosos astros, com suas distantes estrelas, o mar, ora sereno, ora agitado, em seu incansável vai e vem. A natureza com seus ondulantes morros, suas graciosas colinas, suas severas montanhas, com suas árvores e flores, numa perene ostentação de uma poética e inigualável beleza. Pode acontecer também que o sol não apareça e em seu lugar venha uma chuva pesada ou leve. A lua pode estar magrinha, ou bem redonda. Enfim, tudo na mesma conhecida e secular invariabilidade, mas paradoxalmente variável. A misteriosa, mas perfeita geometria do Grande Arquiteto, o Inimitável Artista.
Dói muito recordar como foi para mim esse Dia de Amanhã, porque até então tudo que me rodeava fazia parte de um feliz cotidiano, e mesmo porque além desse passar de dias, nada tinha importância para mim.
Por quê ?
Porque eu tinha você.
Contudo quando você se foi tão inesperada e dolorosamente , o variável-invariável, o imutável-mutável passou a ser tão inexplicavelmente diferente, transformou-se e tudo mudou.
Mas... só para mim, E como não mudar? Se a harmonia do meu viver, do meu Eu, rompendo-se, despedaaçando-se, dilacerou-me em mil pedacinhos, transformando meu sorriso em lágrimas, minha alegria em dores, meu encanto em desencanto, meu Tudo, em Nada.
Tudo se transformou, modificou-se, transmutou
Por quê?
Porque eu não tenho mais você.
Maria Amélia