A Mesma Vocação com que sou Fiel a Mim, Serei a Você!


A Fidelidade Como Vocação

Um relacionamento verdadeiro também é sobre fidelidade. Eu já relatei o caso da conversa com médicos sobre homens que ficam eunucos, impotentes ou emasculados e, mesmo assim, são aceitos por suas parceiras. Segundo os médicos, isso é mais comum em pessoas mais velhas, mas não necessariamente restrito a elas.

 

Veja o caso do meu amigo K., da infância, que prefere manter sua identidade preservada. Ele traiu sua noiva com uma amiga colorida, é verdade, mas o que não contei é que ele tem um problema sexual com ela — ou melhor, ela tem. Apesar de noivos, eles nunca transam. Se já transaram alguma vez, não ficou claro para mim, e eu também não quis entrar em detalhes sobre essa particularidade. Mas ele me revelou que já está resignado, aceitando que nunca irá transar com ela. E, para ele, tudo bem.

 

É bonito ouvir que eles estão planejando móveis, escolhendo a decoração do apartamento, com o casamento praticamente marcado. Será que haverá festa? Serei convidado? Talvez padrinho? E será que terei uma parceira para levar comigo? Mas eu só aceitaria ir acompanhado se fosse com a mulher que amo.

 

Sexo e Amor: O Que Realmente Importa?

O caso do meu amigo K. mostra que até mesmo nós, homens que temos aparências invulgares, relativizamos o sexo por amor. Ele pode ter traído, mas jura que não repetirá o erro, pois ficou no fio da navalha de perder o grande amor da sua vida.

 

É com essa consciência — e com o mesmo sentimento — que afirmo que, da mesma forma que sou fiel a mim mesmo, seria fiel à mulher que amo, mesmo que ela também jamais quisesse fazer sexo comigo.

 

(Embora, convenhamos, seria um grande desperdício ter a mim como namorado e não querer aproveitar cada átomo do meu corpo, que, em alguns pontos, é imenso — risos —, e do meu pensamento.)


Mas por amor, só a felicidade da sua presença já seria suficiente para eu desejar viver o resto da vida com ela, contanto que compartilhássemos o mesmo calor, que nossos lábios e línguas se encontrassem, que nossos abraços durassem o tempo da eternidade, medido pelo relógio da duração de Bergson, o oposto do tempo cronológico contado pelo relógio.

 

Nosso amor, juntos, parece durar como aquele período na Sala do Tempo de Dragon Ball Z, onde os guerreiros treinavam — um dia na sala equivalia a um ano no tempo real, e uma hora, a quinze dias. Mas, no anime de Akira Toriyama, eles só podiam permanecer no máximo dois dias.

 

Já eu, desejaria ficar contigo por toda a eternidade.

 

A Promessa de Nietzsche

Se ela me conhece e sabe da fidelidade com que sigo o mandamento de ser fiel a mim mesmo — torna-te aquilo que és (recomendação de Nietzsche) —, então sabe que essa é uma promessa e tanto.

 

E para quem acompanhou minha força de vontade, minha determinação em demonstrar sentimentos, em abandonar o passado, adquirir hábitos saudáveis e uma rotina exemplar, com objetivos claros, buscando ser a melhor versão de mim mesmo a cada dia… sabe que essa promessa tem profundidade.

 

Para mim, seria fácil ser fiel a uma mulher incrível como ela. Com ela, nada me faltaria, tenho certeza. Vou me dedicar a ela com mais afinco do que dedico a mim mesmo, ao cuidado do meu corpo e mente.

 

Correndo Atrás do Tempo Perdido

Agora chegou o momento de recuperar o tempo perdido, como no Caminho de Swann, de Proust. Estou fazendo exames e, mesmo com uma vida desregrada, meu ecocardiograma e ECG deram normais e saudáveis.

 

Ainda este mês, farei o teste ergométrico. Amanhã, colocarei o MAPA e passarei na nutricionista. O que ela me recomendar para reduzir ao máximo minha gordura corporal e finalmente alcançar meu abdômen trincado, eu farei.

 

Tudo isso para me agradar, claro, mas também para agradar quem amo. Quem sabe, proporcionar momentos ainda mais prazerosos para ela, não apenas com minha mente, mas com meu corpo, com os sentidos, com o toque. Quero que esse toque seja só dela — com convicção e vocação.

 

Desejo, Fidelidade e Escolhas

Para mim, é fácil ficar sem sexo. Até me preocupo com meus níveis de testosterona, porque, sem aditivos, tenho pensado pouco nisso. Mas o amor que sinto por ela me excita, me inflama. Basta rememorar sua imagem, nossos momentos juntos, para que meu corpo dê sinais intensos de desejo.

 

E essa satisfação só será plena com a presença dela. Seja com beijos e abraços ternos ou com uma noite tórrida de prazer, testemunhada por lençóis encharcados e corpos extasiados.

 

Por que eu procuraria outra mulher se a da minha vida está disponível?

 

Se eu não te amasse e não estivesse disposto a ser fiel, o que eu ganharia falando isso? Você sabe que essa declaração pode soar ultrajante ou ofensiva para alguma mulher que porventura sinta algo por mim. Sei que isso reduz minhas chances com outras mulheres, como aconteceu com aquela professora de sociologia que, felizmente, sumiu das nossas vidas.

 

Todos São Iguais, Mas Uns São Mais Iguais Que Outros

Algumas mulheres são grandes amigas, fazem companhia na sua ausência. Não que sejam um placebo — pelo contrário, cada uma é única à sua maneira. Eu até amo minhas amigas e amigos, mas talvez não com esse amor de alma gêmea romântico, esse amor de parte que falta.

 

Ainda assim, reconheço o quanto é valioso que elas escolham estar presentes e serem minhas amigas… enquanto a mulher que amo escolheu se afastar.

 

Cada mulher é única e singular, e merece ser tratada como tal. Mas a pessoa que amo é mais única e especial que todas.

 

É como em A Revolução dos Bichos, de Orwell:

 

Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros.”

 

Da mesma forma, todas as mulheres são especiais e únicas, mas a que eu amo é mais única e especial que todas.

 

E se tenho tanta certeza desse amor, como nos burros de Orwell, que ele dizia “Os burros vivem muito tempo. Nenhum de vocês jamais viu um burro morto”. 

Que reflete como um mundo cheio de certezas pode ser ignorante e como os burros têm certeza de tudo — e vivem bastante. Desta feita, seria eu também um burro?