Lampejos de um amor que foi fogo
Houve um tempo em que o amor ardia como brasa ao vento, incendiando olhares e incendiando almas. Cada toque era faísca, cada palavra, um rastilho acendendo o coração em chamas. O tempo não importava, as horas eram engolidas pelo desejo de estar, de ser, de se perder no outro.
Mas o tempo... Ah, o tempo é um escultor impiedoso, que vai esculpindo a distância nos rostos, desenhando memórias onde antes havia promessas. O que já foi labareda, agora são apenas brasas tímidas, resistindo ao sopro frio dos anos. Não há mais incêndio, só cinzas que brilham em lampejos de lembrança quando a saudade sopra forte.
O coração já não acelera com os mesmos ímpetos, mas ainda pulsa em ecos de uma melodia antiga. O amor que foi tempestade hoje é brisa. O que foi fogo agora é clarão breve de um relâmpago na noite.
E então nos perguntamos: foi amor ou apenas um verão intenso? Foi chama ou apenas um incêndio que o tempo apagou? Mas talvez, só talvez, os verdadeiros amores não morram… apenas aprendem a arder em silêncio.