Ecos de um primeiro amor
Dez anos… Uma década inteira esculpida no silêncio da saudade. O tempo, esse escultor impiedoso, moldou tua ausência em estátuas invisíveis dentro de mim. E, no entanto, há memórias que resistem às areias da ampulheta, como se o passado se recusasse a ser apenas um eco distante.
Teu rosto… Ah, teu rosto! Já não o vejo, mas fecho os olhos e ele me visita nos vitrais da lembrança. Teus olhos, janelas que um dia refletiram o brilho do meu próprio ser, tornaram-se estrelas de um céu que já não toco. E teus lábios… Eram a porta do paraíso, onde os segredos do amor se desenhavam em sussurros e promessas.
Foi tão grande a pena que sentiu minha alma, como se cada batida do coração carregasse um lamento antigo, um poema inacabado rabiscado nas entrelinhas do destino. Foste meu primeiro amor—e o primeiro amor nunca morre. Ele adormece em jardins ocultos, florescendo inesperadamente no perfume de um dia chuvoso, na melodia de uma canção esquecida, no arrepio de um vento que parece soprar teu nome.
O tempo pode ter roubado tua presença, mas não conseguiu apagar o que fomos. O primeiro amor não é apenas um capítulo na história da vida—ele é a tinta com que escrevemos o livro inteiro.