DOCE SONHO ENCANTADO; LINDO REFÚGIO

Uma dia tive um sonho… um doce sonho com você e eu compartilhando de um momento tão terno que encheu os olhos meus de lágrimas, boas lágrimas. Esse sonho, por mais que tenha sido breve, fez-me sorrir por dias a fio. Quando estou triste, lembro-me dele e as cenas acalentam a minha alma. Assim, guardei esse sonho em minha caixinha de memórias com todo o cuidado do mundo. Mesmo que não tenha acontecido e não venha a acontecer, ainda é algo que me alegra por ter sido tão belo, reconfortante e especial.

Era assim…

Eu estava lá, tão envolvida em sua presença tranquila que nem havia percebido o céu pintando-se das cores noturnas, e a brisa da noite atravessando as cortinas da janela. Eu sorria feliz, perdida em seu aconchego, sentindo as batidas ritmadas de seu coração batendo pressionadas em minhas costas. Tão absorta em ti que acabei pendendo, jogando a cabeça para trás em suspiros, procurando descanso em seu ombro. Escutei sua risada afetuosa e não resisti em me juntar ao seu riso; estávamos sentados confortavelmente no enorme sofá, você tranquilamente atrás de mim como se fosse minha poltrona favorita, eu perdida em seu calor e na doce energia da pequena menininha aninhada em meus braços alimentando-se do leite materno. Digo a você, se o sonho cessasse por aqui, teria ficado mais do que satisfeita, porque apenas essa pequena cena foi capaz de me trazer um sorriso largo durante o sono. Mas, continuou, para complementar esse cenário tão magnífico para mim. Veja, cada detalhe fazia meu coração ficar aquecido. Era como uma parte do paraíso me dada em forma de sonho.

Nossa menininha tão pequenina, mantinha os olhinhos cerrados enquanto tranquilamente desfrutava do leite. O topo de sua cabeça era preenchido de uma cabeleira castanho escuro, a mesma tonalidade que a de seu papai. Acredite, ela se parecia tanto com você, não somente na aparência, ela possuía a mesma energia tranquila e pacífica que a sua, e notar isso no sonho foi bastante intrigante. Era como se sua alma e a minha tivessem sido mescladas numa única e posta nela, com a diferença de que pendia muito mais para o seu lado. E sabe, acredito que as meninas tendem a puxar mais o lado paterno, e os meninos o lado materno. Era esse o caso; eu via você na nossa menininha, e ela em você. As duas preciosidades de minha vida, naquele doce sonhar.

Pode rir de mim, pois houve um breve momento em que ela se empolgou tanto se amamentando que me mordeu com aquelas gengivas banguelinhas. Doeu, ok? Apesar de ainda não ter dentes, a mordida foi o suficiente para me fazer exclamar baixinho de dor. Ainda bem que foi momentâneo, logo suspirei aliviada.

— O que foi? Ela te mordeu? — você me perguntou, curioso, atrás de mim com essa sua voz de pura melodia que sempre me derrete feito manteiga ao fogo.

O efeito de seu aconchego tem tanta influência sobre mim, que esqueço-me da dorzinha em meu seio. Tudo o que sinto é a paz calorosa do momento, e seus beijos em minha cabeça.

— Uhum, mas já parou. Ela é uma boa menina — respondi enquanto acariciava a cabecinha coberta de fios castanhos e sedosos.

Você riu contra meu cabelo, fazendo-me cócegas.

— Sim, nossa garotinha já é uma boa menina — murmurou enlaçando nos duas em seu embalo seguro e carinhoso.

Permiti que nossa bebezinha terminasse de se alimentar, e descansei mergulhada em seus braços. Sorri, de olhos fechados, escutando você começar a cantarolar uma cantiga de ninar. Se sua intenção era nos fazer adormecer, parece ter funcionado; a pequenina em meus braços soltou o seio, mas continuou de olhos fechados, dormindo. E eu logo me senti acolhida por um sono irresistível, cada vez mais, enquanto a sua voz melodiosa soava como um caloroso encantamento.

Poderia um dia, em algum momento, esse sonho tornar-se realidade? Céus, se fosse possível, seria mais do que um dia pedi à Deus. Mas caso esse sonho permaneça um sonho, o terei como alento quando estiver triste, pois nunca falha em me fazer sorrir de alegria. Mesmo sendo sonho, transformei em refúgio.

Ansyel Violet
Enviado por Ansyel Violet em 11/05/2023
Reeditado em 14/10/2023
Código do texto: T7785874
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