Riquezas do Amor

Há muitos modos de amar. Nenhum dispensa o testemunho do bem de quem lhe sofre a ação.

Não vale a máscara utilizada pelo egoísmo a fim de confundir e lograr êxito nessa atitude, nos quadros excêntricos de morbidez sado-masoquista.

O amor regado a esperança, com adubo da fé, cresce, floresce e dá frutos.

Nutre as Almas em parceria no investimento comum das realizações, dos sonhos sem impedimentos ou que nada obste a sua materialização.

Fonte nutrícia, evidente e natural que o amor crie dependência por associação.

O evento da ausência temporária ou permanente causa o déficit no fornecimento dessa energia salutar de extrema vitalidade da qual todos (os investidores) necessitam.

Débito registrado, compreendem-se os efeitos da tristeza, angústia, soledade pela baixa ou escassez na fonte mantenedora do amor.

Interrupção precoce voluntária ou não, e mesmo a tardia, qualquer que seja a natureza, quando se ama, sofre-se por isto.

As reações, todavia, não são as mesmas.

A viuvez juvenil raramente não suscita novo empreendimento conjugal, o que se inverte na viuvez em idade a partir da madura.

O divórcio segue na mesma procedência anterior, aliás, aquela implica separação também, no detalhe de o ser por desencarnação.

Resilição de parceria, não importando necessariamente os papéis dos investidores, mas a finalidade do amor, a verdade é que a sua falta provoca transtorno: solidão na esposa, na amiga, na prima, na tia, na afilhada, na sobrinha, na vó, na netinha...

O Universo é imeeenso; a incerteza, o inesperado, o revés podem custar uma eternidade, principalmente aos que não se ausentarão senão em plena senilidade por esgotamento fisiológico dos seus órgãos.

Que outro suporte a não ser o (do) amor recíproco em que se apoiar?!

Desta maneira, de acordo ao grau de elevação do ser humano, é-lhe necessário ser amado e também amar, direito garantido (ser amado) por dever cumprido antecipadamente (de amar).

Faz parte, e com todos os argumentos avençados, naturalmente justificados, por isso, a uma empresa desfeita, investe-se novamente: o desejo de amar e ser amado jamais se exaure.

O laço consangüíneo, como regra, adquire exceção para validar o novo empreendimento cordial pelas vias adotivas: há mãe voluntária, tia voluntária e assim sucessivamente.

As ex-casadas, quais solteiras de novo, por sua vez animam-se na pretensão a novas uniões.

Quando viúvas, honram a memória dos ausentes, mas se não podem renunciar, por seus motivos, declaram vagos e acessíveis os corações à pretensão de candidatos, até porque é somente no céu em que se devotam amor de irmãos – essa a resposta do Cristo à pergunta feita, quanto a quem teria direito esposá-la, a viúva, porquanto na Terra (Israel) caberia preferencialmente ao cunhado, irmão mais velho fazê-lo.

No entanto, existem os abastados de amor e que compõem o perfil dessa modalidade, ou seja, o amor que serve, doa e se doa, acima dos interesses da reciprocidade.

Temerário afirmá-lo o topo da escada, tendência a que se destinariam os amores do homem em processo de sublimação.

Todavia, é certo que o exemplo daquele que amou por excelência na condição de milionário da felicidade, Jesus, o senhor dos espíritos, tem conseguido atrair à reflexão e imitação do seu gesto de amor que serve, naquele ensino indelével ao lavar, em ato de humildade e devoção, os pés a seus discípulos, considerando que o maior de todos fosse o que mais servisse, sendo por e com amor, esse o que mais ama.

Com efeito, quantas mães compreenderam, no amor a seus filhos perdidos, odiados do mundo por hábitos censuráveis; quantas esposas que amam, apiedadas, a seus pares, em renúncia ao amor-direito, na condição antecipada de amor fraternal ou espiritual ou até mesmo maternal?!

Outras ocorrências (que se aninham no recesso íntimo das consciências que as mantêm sob escrúpulo e anonimato) motivadas pelas circunstâncias, somam-se àqueles exemplos, preenchendo a lauda das possibilidades no livro dos amores havidos em que figure como a (página) principal pela sua grandeza virtuosa do amor que serve e que nada pede em troca, a não ser que se contente com a satisfação ou felicidade do beneficiado.

Seraphim
Enviado por Seraphim em 20/01/2023
Código do texto: T7699726
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