COMO FALAR DE AMOR?
COMO FALAR DE AMOR?
Na beleza de um jardim repleto de flores perfumadas, frutos dos mais refinados sabores, borboletas das mais variadas cores, pássaros de cantos mágicos e encantadores, até mesmo as feras parecendo conviver no mais perfeito amor. O primeiro humano da criação, teve a sorte de ter nascido pronto, e por um sopro do Criador ganhou vida – foi muito bom, disse o Criador. Parecia que o primeiro humano passeava pelo bosque, enquanto encontrava a sua identidade dentre toda a criação. Sem medo das feras, com apetite pelas mais suculentas frutas do jardim. Sem se cansar, sem se arranhar nos espinhos, sem formigas a picar os seus pés – tudo era perfeito. Ele estava só, e isso pareceu faltar algo que pudesse completar o quadro mais lindo desenhado e construído pelo Criador, porém, faltava a última pincelada. Pegar do barro, assim como fizera o Adão, talvez não desse o verdadeiro sentido do Seu amor nessa construção. Melhor tirar uma costela apenas, uma vez que na unidade do que seria o amor, o futuro casal multiplicador da espécie continuaria a reproduzir esse amor. Tão logo a mulher sendo formada, foi conduzida pelo Criador e apresentada ao homem. Surge daí a primeira declaração de amor: “E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi formada” (Gn. 2.22-23). O quadro estava pronto, muito lindo, perfeito. Na cerimônia, o Criador faz o aconselhamento, e dentre as recomendações, à exceção da árvore da vida, de todas as demais árvores poderiam comer do seu fruto. No primeiro teste, falharam. Daí, originalmente, com a desobediência, todos os humanos acabaram sendo contaminados. Chegamos até aqui para alcançarmos explicação para o amor. Inerente a todo ser humano, o amor seria o único remédio para consertar nossos erros. Penso que, nisso, até mesmo os animais, nos tem deixado expressões de amor, mesmo irracionais, parecem nos ensinar que é possível ser amável uns aos outros. Quem por ventura ainda não contemplou momentos assim? Pois bem, nós humanos, no curso de nossa história, fomos aprendendo em como expressar esse sentimento existente em nós, tão necessário e tão vital à nossa existência. Como falar de amor? O desamor conclama a que amemos, nos demais atos que expressam esse sentimento, pode ser puro romantismo, ou compaixão pelo próximo, ou melhor ainda, na justificação de somos da parte de Deus para o mundo. Logo, na verdade, o amor é o sentimento capaz de consertar coisas que estragamos por nosso comportamento falho. Para o filósofo Sófocles: “uma palavra nos liberta de todo peso e da dor da vida: essa palavra é “amor”. Sem sombra de dúvidas, em momentos de grande sofrimento, mesmo um abraço apertado pode trazer alívio a nossa dor. Para Erick Fromm, “o amor é a única resposta sã e satisfatória ao problema da existência humana”. Talvez, melhor entendimento quanto a esse pensamento, o amor de mãe pode ser uma das melhores formas de compreensão de santidade em amor. Para Nietzsche, “é preciso amar ‘aquilo que é necessário nas coisas’. E as dores são tão necessárias e inescapáveis quanto as alegrias, então é preciso amar a vida integralmente. Aceitar a fatalidade e a finitude é viver plenamente, e não pela metade.” Ele entende como o que seja necessário, identificando como “coisas”, dá um sentido um tanto cético, penso que amar é diferente de gostar – eu posso gostar de coisas e dispensá-las tão logo sua utilidade não mais se presta. No entanto, no amor a “coisa” é o que é produzido no espírito, e não na alma. Pode sim, trazer sofrimento, alegria e deve ser compreendido quando não satisfeito, porém a vida precisa continuar na sua maior intensidade, uma vez que não estamos isentos da fatalidade e da nossa finitude. Para Platão, o amor era algo essencialmente puro e desprovido de paixões, ao passo que estas são essencialmente cegas, materiais, efêmeras e falsas. O amor seria um agente de transformação e ordenação do mundo. Ele se fixa no mundo das ideias, para ele, tudo o que existe no mundo das ideias é perfeito e eterno, já o que habita no mundo sensível é uma cópia imperfeita desse mundo das ideias. Logo, o que vem a ser apenas das ideias. Entretanto, o amor é testemunhado o tempo todo nos Testamento sobre o grande amor de Deus ao homem. O apóstolo Paulo bem traduziu o que é o amor: “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade” (1Cor 13) Por existir em nós todas essas possibilidades de desamor, como falar de amor? Cada um deve dar a sua resposta.
09-05-2022