AH AMOR
Com poucos anos de vida vive a separação, papai e mamãe cada um na sua, vive com os avós, até ganhar uma madrasta, o tempo vai passando, ganha outro irmão e inicia na escola, para aprender e se defender desse mundão.
Se vira como engraxate, vende doce e sorvete, sobe num caminhão e vai pra roça, até que ingressa na corporação de guarda mirim.
Começa aparecer pelos, a voz engrossa, parte para o trampo, com carteira assinada, não via o momento de completar dezoito anos.
Primeira relação de namoro, segunda, terceira e começa a fase da descoberta, mas ainda um menino ingênuo que não avançava o sinal com as minas.
Opa quase chegando aos dezoito, se manda sozinho pra metrópole Sampa, pá, maior de idade, corre tirar habilitação, baladas, viagens, independência, perrengues com falta de grana, saindo na correria pela porta do busão quando tava zeradão, vez ou outra nem rango rolava, mas foi uma puta experiência de vida.
Até que conheci uma mina e fiquei muito afim de chegar e tentar um lance, mas a timidez me aprisionava e não dava qualquer chance de aproximação.
Do nada nos perdemos sem nos conhecer, mas o destino estava ao nosso favor, depois de três anos nos encontramos num mercado, ela era a caixa.
Daí já tava mais sem vergonha e papo vai papo vem começamos a sair, rolou namoro que cada uma, duas semanas pintava briga e rompíamos.
Esse lance durou 3 anos até que voltei para o interior e percebi que estava pronto para um compromisso mais sério, viajei para Bernô e pedi a mão da minha Deusa em noivado, seis meses após nos casamos.
Eu tinha um conceito de que AMOR era balela, uma palavrinha que criaram para unir o casal, simples assim.
Fui convivendo e no dia a dia me convencendo que AMOR existe, é real, que independente da contra partida quem ama se doa, se entrega, é paciente, tolerante, cede, respeita e torce pelo sucesso do par, que divide, que curte o sono, o olhar, o falar, que ouve, que fala baixo, que beija na chegada e na saída, que observa tudo ao seu redor, que não sente peso nenhum com o tempo que continua passando, depois de três filhos e nove netos continuo achando que foi ontem que me casei com a Deusa.
Ah amor, você me surpreendeu, aprendi que se tratava de um verbo, disponível para todos, porém eu o confisquei, fui egoísta e o adquiri só para mim, foi meu jeito de viver o amor, traduzindo amor é a minha relação com a Deusa e pronto.
Por tudo que já dividimos podemos celebrar todos os dias, somos abençoados, nossos olhos brilham porque nos amamos, nosso amor se estende aos nossos filhos e netos, nosso maior patrimônio.
Sinto muito orgulho de cada um de vocês e isso me faz feliz.