A impotência dos piores, perdão meu pai...
Estivemos juntos nos últimos anos de sua vida, ambos insones lidamos com o silêncio de muitas noites quando ele, calado, insistia em seu garimpo de memórias a buscar um tesouro que cedo demais lhe escorrera pelas mãos, sulcos fundos em seu rosto que o tempo e suas angústias trataram de marcar e por onde corriam lentas algumas poucas lágrimas sempre que uma cena em sua mente revivia, a despedida em pedra fria da bela jovem esposa e mulher amada, lhe dera ela quatro filhos e todo seu incondicional amor, aceitando-o como era, companheira fiel nos muitos dias de escassez ou em suas insanas crises quando experimentava a impotência diante de seus piores dias, tudo podiam porque se amavam, mas quem está preparado para deixar o amor da vida de súbito partir? Deus foi para o banco dos réus por um tempo, afinal qual o motivo que Ele teve para romper esse encontro d'almas? Creio que às vésperas dele ir ao encontro dela fizeram as pazes. Obrigado meu pai, me perdoe por ter demorado tanto para me imaginar no seu lugar. Obrigado minha mãe querida pelo muito em exíguo tempo de vida. Obrigado Deus pelos pais e pela família que me permitiu pertencer.