Memórias podem se perder...
Com o passar dos anos, quando temos mais passado que futuro, corremos o risco de perder memórias que nos deixarão em meio a um vazio inexplicável, ao sabor de ressonâncias de imagens, sons, falas, risos, cheiros e lugares das pessoas que amamos.
Nos últimos dois anos, desde a chegada do Felipe, há tanto dele por lembrar e saborear, e a cada dia ele traz coisas novas com sua destreza crescente com as palavras e gestos de carinho e puro amor.
Ele nos surpreende ao falar de passarinhos, imitar o uivo de lobos, o latido de cães que ele os beija e afaga sem receios, faz o zumbido das abelhas e, com suas mãozinhas, nos mostra como os golfinhos mergulham.
Ontem ele dissecava folhas secas trazidas pelo vento, sem pressa sentia suas texturas e fragilidades esfarelhando-as com os dedinhos ao espalhá-las em outros ventos.
Hoje vou vê-lo de novo, outras novidades e mais memórias para o meu banco de dados e uma farta fisioterapia neuronal.
Que eu possa lembrar desses dias por um tempo que não seja breve.
Felipe, meu neto, te amo