A verdadeira carência
A vida insiste em me dizer que tudo tem um preço.
Mas o amor não pode ser cobrado, apesar de o ser mais frequentemente do que todos os demais anseios. Talvez a resposta esteja em preferir cuidar a ser cuidado, amar a ser amado, ouvir a ser ouvido.muita coisa mudaria na maneira como muitas pessoas se sentem se aprendessem a transformar a carência em necessidade de cuidar. Isso parece simples a princípio, mas descobrir-se-á que trata-se em saber transcender os mais profundos árduos paradigmas oriundos da Alma para formar a maneira de ser idealmente evoluído em relação ao próprio ego. Há muito falam que devemos ter mais fé, mais amor ao próximo, mais determinação, mais motivação , menos carência do que vêm dos outros como compreensão, mas pouco se fala em como conseguir tais habilidades , talvez porque essa lição é implícita no caminho que trilhamos , que é parte de uma luta interna onde só a própria pessoa pode vencer, uma lição sem padrões sólidos. A evolução pessoal não vem apenas de lições externas, mas em usar o poder da reflexão sobre elas e questionar-se a si próprio. Porque se és tão enraizado na própria identidade e não tiver capacidade de por a si mesmo ou as ideias que defende em julgamento, se é tão apegado a sua própria forma de ser e for visto como algo imutável , como então poderá evoluir?, como poderá alcançar a mudança que o sofrimento exige?. É incrível como a maioria dos sofrimentos internos estão disfarçados de externos. Talvez por isso quando vemos surgir uma necessidade de algo que outros deviam fazer por nós, rapidamente deveríamos tentar transformar isso em necessidade de oferecer aos outros a mesma medida , mas claro ,sem esperar nada em troca, pois a recompensa é em si o grandioso ato de fazer esse bem esperado, esse sentimento parece mais uma ordem para a lista dos "deve fazer" sem o acompanhamento do "como", a falta do acesso a esse sentimento genuíno é responsável pela ilusão da identidade imutável, que não tem como experimentar a realidade agradável do sentimento do fazer sem interesses. Essa é a arte de não condicionar seu próprio bem estar na decisão de outra pessoa. Porque todos são seres suscetiveis a erros. E esperar algo de outros é jogar sementes no jardim da decepção. A responsabilidade pela sua felicidade é você próprio e a forma como lida com seus próprios sofrimentos mesmo que estes se disfarcem de externos e lhe digam que não tem responsabilidade ,que és vítima. A consciência humana está sempre na luta e quem vive apenas pelo que acredita que é como uma identidade sólida a dizer a si mesmo:" sou como sou", está fadado a ser escravo de si mesmo e das próprias necessidades egoístas. Se conseguires vencer a batalha, saiba que nem Tudo inerente ao homem pode ser mal, pois ao que vemos nos outros pode ser espelhados a nós mesmos, aos fazer tal ato estamos dando a oportunidade para que este seja refletido de volta. É o bônus(não o salário!) de se fazer o bem. Talvez aquilo que você espera de outra pessoa deva partir primeiro de si próprio, por ventura descobrirá que independente do resultado ,que essa oportunidade é mais valiosas para si mesmo. Pois terá dado um passo grandioso em sua evolução a saber que tais necessidades, tais carências, tais lamentos finalmente desapareceram. e para os consumidos pelas formas diversas assumidas pela carência interna ( inveja , rancor ressentimento, etc..), os que acham que nada mais sobrará de si mesmo, saiba que ao desprender-se de si e negar a esse falso eu criado pelo mundo, para estes ,finalmente o silêncio e paz interior que tanto se buscava nos outros ou nas condições tidas como positivas e negativas, brotará do lugar mais inesperado, saberá que não importa se no escuro estiver, pois reconhecerá que também é luz , ou produto da luz de Deus , essa é sua verdadeira carência , reencontrar- se a si próprio , a identidade que nasce da gratidão, da grandiosidade de servir.