Quando deixamos de viver um grande amor

Toda felicidade, por mais efêmera que seja, por um instante deixa um coração em paz. Começo assim esse texto, pois sei que, nos dias de hoje, qualquer lampejo que indique um minuto de tranqüilidade vale a pena. Não apenas por nos deixar em um estado de graça maior, mas também por poder transmitir a força que precisamos para encarar nosso dia-a-dia.

As derrotas que sofremos, por mais duras que sejam, sempre têm o seu lado bom. Por qualquer que seja o motivo, não vencer nos deixa magoados e tristes, e isso indica que o aprendizado veio junto com a perda. Porém, talvez uma das maiores decepções que se pode ter é deixar de viver um grande amor.

Quando deixamos de viver um grande amor, as estrelas sempre parecem estar mais longe do que estão. Quando alguém que amamos de verdade se vai, raros são os dias de paz, e impossíveis são as noites de tranqüilidade. O coração bate mais acelerado e se curva à tristeza da decepção. Grandes amores não vividos serão lembrados para sempre, pois o querer, em certo tempo, é bem mais sólido do que o querer da juventude.

Quando não vivemos um grande amor, somos felizes pela metade, pois tudo aquilo que se tem deixa de fazer sentido aos olhos do coração, necessitado ele que está de outro sentimento, talvez algo mais profundo. As pessoas vêm e vão, mas nosso pensar sempre fica naquele amor não vivido, sempre pensando nos porquês de haver tanta distância entre nós e a pessoa que amamos.

O peso do pesar pesa aos ombros da pessoa que sofre, pois é ela quem carrega um sentimento amargo de derrota, sacramentado quando sabemos que estamos sós e apaixonados, enquanto a pessoa amada já vive outro amor. Todos os desejos são canalizados para um retorno ao início, e sempre desejamos nunca ter nutrido sentimento tão profundo por alguém. Por um instante odiamos o que sentimos.

Quando não vivemos um grande amor, sempre seremos escravos de nosso próprio querer, pois nosso orgulho muitas vezes nos impede de perceber que a vida continua, e que teremos de abrir nossos olhos para enxergar o sorriso de outro alguém. Deixar de perceber que há gente interessante á nosso volta faz com que sejamos mais fechados e que deixemos de ver que a vida oferece oportunidades.