O que são os números perto dos sentimentos?

O que são os números perto dos sentimentos? Nada. Não são absolutamente nada. Não são infinitos, nem definidos e nem indefinidos. Mas podem ser iguais, podem ser reais, ou naturais, ou inteiros. Podem ser irracionais. Podem ser complexos ou diretamente proporcionais. Mesmo assim, com essas semelhanças... Ainda não são nada perto dos sentimentos.

Os números servem para declarar certezas, para contar até quando conseguimos, para mostrar que no fim pode dar zero. Os números mostram o caminho do fim, os números mostram quantidade de alguma coisa. Mostram gastos, perdas, mostram diferenças ou até erros. Os números são exatos, deixam claros os resultados. Deixa sempre a resposta existir. Os números são grandes ou pequenos, mas ao fim a essência é a mesma. Eles contam, eles se dividem, eles se multiplicam..., mas nunca serão como os sentimentos.

Os sentimentos não são exatos, não podem ser, porque no momento em que forem não são mais sentidos. Os sentimentos são trazidos por nós, não podem ser formulados, não podem ser deduzidos. Não podem ser contatos, nem definidos. São sentidos e não pensados. São queridos ou detestados. Não se coloca vírgula, não se coloca sinal de negativo ou positivo. Existem sim diferentes intensidades, mas estas ainda expressam o mesmo porque o amor maior, o medo maior, a dor maior...

Eles no fim são o mesmo que a dor menor, o amor menor ou o medo menor. Todos ao fim ainda são sentidos, ainda despertam em nós as mesmas reações. Nossas interpretações que são diferentes. Não declaramos raízes, nem razões. Não fazemos contas nem mudamos o sinal. Não fazemos ser verdadeiro ou falso. Não julgamos poder ser ou não. Não existem possíveis duas respostas. Não pode ter uma raiz exata, ou um múltiplo em comum. Não se trata de divisão exata, mas sim uma divisão euclidiana. A porcentagem do que é o sentimento é diferente do que são os números.

Não adianta contar se não sabe onde realmente quer se chegar. Não adianta dividir caso o sentimento do egoísmo persista. Nem adianta multiplicar se com aqueles que poderia dividir não são confiáveis. Não pode ser exato quando se trata do sentir. Não é simples, mas ao fim torna-se simples. Basta apenas parar de querer achar o que talvez seja felicidade. Não se deixe ser levado pelo aumento ou infinito. Efemeridade e sentimentalismo... Somente isso importa. Os números... Bom, que você os use somente para contar às vezes que o sentimento dominou. Mais nada.

No costume social de medirmos ou de definir tudo o que temos, vemos ou até sentimos, desaprendemos em acreditar que pode ser simples o sentimento, que é algo sem definição e que acreditar que ele existe é como jogar para o alto colares de diamantes e fechar os olhos sem saber onde cairão. Há o risco de ser acertado, há o risco de não ser. Seja acertado ou não, esquecemo-nos de sentir verdadeiramente, esquecemos de amar verdadeiramente, esquecemos de pensar em arriscar. Transformamos o sentir em número, em uma maldita fórmula e o pior de tudo... Desistimos de conclui-la, deixamos em aberto o que por medo não sabemos como finalizar.

Formular esse sentimento, exigir que seja explicado é o erro que faz o amor estar tão fraco, estar tão bobo, estar tão sem sentindo. A culpa não é daquele que ama tanto e sofre tanto e delira tanto. A culpa é daquele que formula tanto, que tenta ser exato, que coloca significados no que só os olhares explicam ou até não explicam. Porque se o amor pudesse ser explicado, a dor também poderia ser e a saudades também.

Palavras de Verona
Enviado por Palavras de Verona em 06/02/2019
Código do texto: T6568552
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.