Deixa eu te contar uma coisa!

Deixa eu te contar uma coisa que ninguém conta…

Sabe depois que o bebê nasce? o puerpério (pós-parto)?

Ele dói. E não, eu não tô falando da cicatriz da sua cesárea

ou dos seios rachados. Eu tô falando de dor emocional.

Sabe aquela imagem que a sociedade construiu de uma

mãe radiante após parir? Ela não existe.

Não me entenda mal, é claro que você estará feliz com a chegada

do seu bebê. É claro que você vai ficar horas observando aquele rostinho fascinada pela sua existência. Mas vai doer mesmo assim.

Sabe por quê? Porque parto não é só nascimento, é morte também.

Se ali nasceram um filho e uma mãe, ali também morreu tudo que

você era até então. Não se iluda, nada mais será como antes.

Eu não tô falando do cansaço que será seu fiel companheiro, nem das poucas e corridas refeições que você fará, ou ainda dos banhos sempre interrompidos. Isso é o de menos. O que mudará de forma irreparável é sua alma.

De repente você se pega desistindo de voltar ao trabalho, você percebe que não cabe mais nos antigos planos, e que nem gostava tanto assim da sua carreira. Só que, ao mesmo tempo, a rotina vai te massacrar e enlouquecer muitas vezes, quando ao fim do dia você perceber que ainda não escovou os dentes desde que acordou.

Seu corpo, antes tão admirado e tocado, agora apresenta formas estranhas e tocá-lo ou olhá-lo é a última coisa que você deseja.

Seu marido voltará a trabalhar antes mesmo que você descubra onde estão guardados os pijaminhas sem pé, e isso também vai doer.

A solidão vai doer. E você vai querer colo, mas vai ser cobrada a apenas dá-lo.

A verdade é que a sociedade não tem empatia nenhuma pela puérpera. O que ouvimos é “você está saudável, seu bebê é perfeito, porque é que você pode estar triste?! Não seja ingrata!”.

Mas o puerpério é ingrato.

Você ama enquanto sofre. Você agradece ao mesmo tempo que implora. Você quer fugir enquanto deseja mais do que tudo ficar exatamente ali.

Mas, minha amiga, não se sinta só. E saiba, isso também passa.

Não, você nunca mais será a mesma, mas acredite: você ainda agradecerá por isso e se orgulhará da fênix que toda nova-mãe é.

(D.A.)
Enviado por Fátima Damiani em 20/08/2018
Código do texto: T6424697
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