SERENATA.
A luz da lua, passando por entre frestas da janela do quarto, procura iluminar a silhueta de um corpo nu.
Ela se levanta da cama. Calmamente se dirige para a janela oposta entre aberta.
A maneira como caminha, sem pressa parece que desfila em uma passarela de nuvens. Aos poucos percorre a curta distância de seu leito até a parede oposta.
Faz tudo isso, em ritual provocativo. Sabe que na rua, embaixo de seu prédio de apartamento, estou a observar.
Fico a imaginar toda aquela imagem escultural, quê não faz muito tempo, procurava abrigo e consolo nos meus braços. Tantas foram as vezes que em seu cansaço noturno, se aconchegava para receber beijos e carinhos a ela dedicados.
Mas as voltas da vida , nos reserva surpresa a cada esquina.
Sem como ou porquê eis o fim.
Corações partidos, incompreendidos e incompreensivos. Cada um ficou com a medida de sua dor, fazendo seres escravizados de um amor náufrago. Recuperastes desta sina. Casastes. E eu como na velha melodia, de NELSON GONÇALVES, casei-me também com a Lua, que ainda é minha mulher.