Só de nós dois... 

     Quando estamos amando, é correto, nesse momento, julgarmo-nos os donos, os proprietários de nossas relações? Quando amamos descobrimos a dificuldade de viver de furtiva e solitária autopromoção? É por estarmos amando que nos perdemos de nós? Não estamos amando então! 
     O que é o amar? É sofrer e descobrir que não valeu à pena, ou é viver com as duvidas da adolescência que sempre se mostra latente, mesmo num coração maduro? 
     O que é o amar? É beijar ardentemente e decidir que é mais um beijo sem nome, ou é lutar para ser feliz, quando a infelicidade é quem dá as cartas? 
     O mais insano do amar, é crermos que a felicidade perdurará a eternidade necessária para se fazer inesquecível. O mais insensato é entregar ao outro o que temos de mais precioso: a nossa própria integridade; a liberdade contraditória de sermos um do outro. O maior absurdo do amar é nós descobrirmos que já não há motivos para sorrir e sentirmos medo de sorrir de novo. 
     Então, o que é o amar? 
     É tentar a cada novo amor, eternizar os poucos momentos de real felicidade, ou lutar ardente por uma loucura efêmera? Gozar as delícias proibidas pela censura mental, ou renascer do barro e nos transformarmos em ouro? 
     Não. O amar não pede, doa; não cobra, entrega; não perdoa, liberta; não luta, desarma.
O amar não entedia, felicita; não engana, avisa; não insulta, põe flores nas palavras e perfume nas idéias. Descortina o horizonte de dúvidas e afaga os corpos inibidos por preconceitos e leviandades. 
     O verdadeiro amar não machuca, é lenitivo do coração. É a paixão que, de repente, deu certo! Amar não se repete, é único em sua ilha de paraíso. 
     O amar é real, denota prisão libertadora. 
     O amar é viver a intensidade de ser dois como unidade jamais ultrajada. 
     O amar é me ver em você! 

                                                                                 Eternamente 
                                                                         Nelson Maia Schocair