Menina, moço...mulher

Menina moço mulher

No dia em que fez oito anos, Alexia já não queria bonecas ou roupinhas cheia de detalhes, tinha aversão à cor rosa, e chuquinhas no cabelo, não gostava de trejeitos, tinha um andar sério, todos notavam isto, alguns com preocupação, ela fora adotada por um casal de mulheres, mas optava em seu modo de agir pelo lado masculino, Rita e Raina estavam juntas a dezoito anos.

Colegas de Alexia não sabiam da história de sua vida, nem mesmo ela própria ,não se falava dos pais que a deixaram para adoção. Ela gostava muito das mães, achava divertido, diferente, na escola não a importunavam muito, mas se fizessem era madura para suportar.

Na reunião dos pais, iam sempre as duas, faziam questão de se expor, mostrar que eram pessoas como outras qualquer, a opção que fizeram não mudava o que eram: duas mulheres.

Nas quadras Alexia jogava futebol, melhor jogadora da escola, Rosa ia encaminha-la para times de base feminino em breve, quer esperar ela fazer dez anos, nem falou com a filha ainda para não deixa-la ansiosa. Apesar de não ter muitos amigos, gostava que Renan frequentasse sua casa, era uma das poucas exceções, descobrirá após uns anos que ele era também homossexual como ela.

Raina sempre a incentivava a esportes, e propôs a filha começar a fazer Judô, luta muito importante para desenvolver a força muscular. Alexia achou o máximo, em três dias estava diante de outras tantas crianças com seu quimono azul e a faixa ainda branca, mas não seria por muito tempo.

Alexia vai perceber com o tempo que fazia a opção de ser diferente igual as mães porque elas precisavam de alguém forte e segura ao lado delas, afinal de conta quem iria protege-las.

A escola, o cinema, a realidade em geral mostra que o homem é o protetor, talvez esta imagem a faça resolver um dia, ou talvez apaixone-se como qualquer outra mulher por um rapaz que a faça feliz, mas era ainda muito criança para pensar nisso.

Jogou a adversária no chão com força, mais um ippon, nova faixa, novas conquistas.

Sérgio Ricardo de Carvalho
Enviado por Sérgio Ricardo de Carvalho em 01/11/2017
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