A "CURA" DA ANGÚSTIA DE AMAR

O que enche meu peito de alegria,

É também a sua sangria,

vertendo sofrimento de amor a anos,

Pela única mulher que amei em minha vida,

Sequer sem possuí-la...

Quedei-me de um amor de fogo eterno,

Que me consome sem parar ano após ano,

E ainda tendo os sopro do vento da saudade,

A agoniar-me...

Ah que bom é te amar,

Ah que terrível é te amar,

É o que mantem-me vivo,

Mesmo que sob eterna tortura

De amar o que não pode ser amado...

Pois este amor, não pode ser possuído, descoberto,

E descobrir que é justamente a dor,

Que alimenta a solidão da qual me alimento,

E prossigo a viver,

Amar ou viver,

O que devemos escolher?

Amar é estar vivo, mesmo que a sofrer,

Viver sem amor, é estar morto, mesmo a viver,

Quão curado é minha dor de amor,

Que há cada dia curte um pouco mais,

Intensificando-se em sua dor...

Da qual não reclamo,

Pois sem ela,

A dor de amor,

Do meu amor,

Eu já não estaria vivo...

Ser feliz ou amar,

Que escolha triste,

Que o jovem tem que fazer,

Pois ao velhos basta saber,

Que seja qual for a escolha,

Haverá sempre, sempre,

No coração do homem um lugar,

Para os dias felizes,

Para os dias de amor...

De amores,

Que nunca serão os mesmos,

Nem mesmo nos mesmos lugares,

Muito menos as mesmas pessoas,

Que um dia,

Fez nosso coração pular,

Querer saltar pela boca,

Mas ter que ser engolido...

Pois o amor,

O que desejas,

Não será jamais possível,

Então será impossível,

Viver um grande amor,

E por ele ser feliz?

Estamos todos condenados,

A sermos esmagados,

Pelos desencontros,

Dos que se ama e jamais se encontram?

Como é inútil amar,

Que tolice é se apaixonar,

Não, não, não,

A isto recuso-me a acreditar,

Vale ao menos a bebedeira,

A choradeira, que insiste em não parar...

Vale os versos desconexos,

Escritos com caneta alheia,

Em guardanapos de terceira,

Em botequins de quinta,

Em um sexta-feira,

Rodeado de prostitutas,

Mais valiosas que falsas donzelas protestantes,

Todas a cara de meu amor,

E nem por isso,

Passa um pouco a minha dor...

Devo eu me envergonhar,

De ter tantas noites passado,

Em alheio lupanar,

Beijado bocas,

Amado corpos,

Declarado amor,

A quem quer que fosse

Só para amenizar minha dor?

Ah se tu soubesse...

Quantos foram as minhas preces

Para que tu nada sofrestes

Para que eu, ao longe, pudesse de tudo defender-te,

E assim deixar passar os anos,

Ao meu próprio engano,

Para meu desengano,

Sem coragem de a tudo terminar,

Em um estampido de pólvora,

Que nada, na verdade resolveria,

Apenas pioraria,

Meu eterno amar...

ELIZIO GUSTAVO MIRANDA DOS SANTOS
Enviado por ELIZIO GUSTAVO MIRANDA DOS SANTOS em 20/03/2017
Código do texto: T5946363
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