Aprendendo sobre amor
Minha avó tem 86 anos e sem perceber me ensinou uma das maiores lições de amor que alguém poderia ensinar. Ela tem Alzheimer, esquece nomes, pessoas e fatos. Eu cuido dela aos domingos, e em uma das nossas conversas eu lhe questionei sobre sua história com meu avô. Ele faleceu faz mais de 30 anos. Pela primeira vez ela não sabia a quem eu estava me referindo. Ela havia esquecido seu nome. Ela já não sabia me dizer se ele era moreno ou loiro, alto ou baixo, se tinha olhos castanhos, azuis ou verdes. Nesse momento um vazio tomou conta de mim, ela havia esquecido quem era o amor da sua vida. Em uma questão de segundos ela olhou para mim e começou a recitar um poema, sem caderno, papel ou folha. Eu sem entender, ouvi atentamente. No final do poema, ela revelou; Aquele foi o primeiro poema que meu avô escreveu para ela. Eu não podia acreditar. A conversa seguiu e ela recitou mais dez poemas e poesias, todas escritas por ele, para ela. Ela havia decorado cada palavra, cada verso, cada linha e os declamava sem hesitar. Ela não lembrava do seu nome mas sentia orgulho ao me contar que ele sempre a surpreendia com versos pela casa. Ela não lembrava da sua aparência, mas se emocionava ao contar sobre como ele sempre lhe dava flores no dia dos namorados e o quanto ele lhe fazia bem. Foi então que eu percebi. O amor está nas nossas ações e atitudes. O amor é aquilo que fica, quando já não estamos mais aqui. O amor está nas pequenas coisas e é muito mais do que um rosto bonito. O amor é o que fazemos para quem amamos sem esperar nada em troca. Minha avó esqueceu o seu nome, mas nunca esqueceu o quanto ele foi/é importante para ela. O amor é lindo quando sabemos amar. Obrigada, minha avó.