Mais uma vez me entrego

É impossível abrir um sorriso, mesmo com esta beleza de sol que me beija a face. Meu peito foi marcado a ferro e fogo, com o estigma do abandono. Sinto nos lençóis o seu cheiro. Desesperada abraço o travesseiro e por uma fração de segundo, muito passageiro, meus sentidos acordam com a ilusão da sua presença.

Abro os olhos e engulo a amarga realidade. A solidão me embriaga, quero ficar aqui. Deitada, ignorando a vida lá fora. E vivendo neste quarto, onde as paredes tantos momentos doces, momentos de volúpias, loucuras, foram testemunhas. Não, não quero saber se o telefone está tocando, nem que os minutos no relógio estão passando. Quero ficar aqui e permitir que as lágrimas lavem as minhas feridas. Quero ficar aqui com minhas lembranças queridas. Mais uma vez eu me entrego. Só que não é para você, meu amor. Entrego-me para a dor. Para a imensa tristeza que sua ausência deixou.

Sua