Amor puro
Era um casal tão inigualável e unido que todos admiravam. Faziam absolutamente tudo juntos, nunca um sem o outro. Faziam promessas como os outros, mas os olhos diziam o que a boca jamais diz: a verdade silenciosa, a verdade que não precisa ser provada para ser verdade, basta vê-la num olhar, basta acreditar. Era um romance impossível, pois ambos eram muito diferentes, mas para eles aquilo não importava nada, aquilo era só detalhe que aliás, eles nem notavam. Eram risos e pétalas de flores no ar, cheiro de grama, cheiro de terra molhada... Passaram por várias ruas e vários dias juntos, várias situações e nunca separados, nunca um sem o outro. Era o amor mais puro que eu já havia visto, o mais indizível que eu já venho escrito a ti. E um dia quando a maturidade chegou, levou para longe da moça o homem e com ele foi-se toda a cor do mundo, deixou a bela moça só, sem forças. Sem laços a segurar. Depois que ele se foi, oh, eu vi de perto. Algo nela se quebrara, ela quebrou-se toda, morreu junto do amor que criaram vendo que nem tudo que se cria é o que se é.