Ele...
Estava tão acostumada a esquivar-se dos supostos amores. (Re)Inventar ilusões para desviar-se emocional e fisicamente das entregas, das paixões e do caos que seu peito tornara-se de um tempo para cá. Pretensiosamente, imaginava-se com outro, mesmo nos braços daqueles que a amavam. Pretensiosa e cinicamente lhes prometia fidelidade e paixão enquanto sorvia seus sonhos buscando efemeridades que a livrassem do mal de Amar. Até o dia em que o encontrou. Até o bendito dia em que seus olhos encontraram todo aquele ser (meta)físico, desobrigado de convenções e trivialidades. Até o dia em que, ao entregar seu corpo, entregou-lhe também sua alma. Em vão tentaria pensar em outro, desobrigando-se de Amá-lo. Outros nunca mais caberiam em seus pensamentos. Outros seriam apenas outros enquanto Ele passou a ser seu mundo e sua mais extensa razão de ser. Era dono de tudo! Nada mais a comportava e a completava. Nenhum motivo a mais que aqueles olhos da cor do céu noturno em gozo e promessas descabidas. Aqueles olhos que espelhavam a alma inteira fez com que ela descobrisse que ali, sim, estaria Amando real e brutalmente pela primeira e única vez.