Sede de Outono
Tua sede é-me minha
Sediando todas as sedes
Sedenta fui-me indo...
E me tornei sedosa.
Sediosa senhora,
E, sensivelmente sonora...
Que ora se derrama...
Gotas caem espraiadas de mim,
Mas não dessedentei por completo,
Os nós líquidos de nós,
Solidificaram-se na paisagem nebulosa
Dos nossos sonhos...
E deste insosso rio gotejante saí,
Mais sedenta de ti,
Até que um dia,
Mergulhei em outras praias e,
Ao ancorar em outros portos...
E, a um mar imenso...
Cheguei,
E a própria sede matei!
Mesmo salinizada, gota a gota,
À medida que me dessedentava...
Tornei-me água viva de puro mar salgado,
A queimar a pele de fogo e brasas mortas!
E, embebi-me completamente de ti...
Imersão imediata de nós,
Atados em dois hemisférios equidistantes,
Dessedentando risos e fusos,
Moles, leves, que também,
Como um rio caudaloso...
Singrou outros tantos rios,
Cascateante de desejos frívolos,
Boca a boca,
Céu a Céu,
E mar a amar,
Num desamar,
Sem par,
Ao bebemos gotejantes,
Mais Um
Outono Sedento...
Do Teu Olhar!