DANIELLE
As coisas mais importantes são as mais difíceis de expressar. Principalmente quando não conseguimos de forma alguma encontrar as palavras que servem como chaves para abrir as portas mais complicadas. Não estão entendendo? Eu também não. Tem sido assim desde que vi o encanto das primaveras eternas no olhar de Danielle.
Quando a conheci, eu parecia estar vivendo no coração de uma tempestade que parecia não ter data para terminar. Claro que sei quando começou: logo após a morte de minha mãe. E, depois dessa tragédia (da qual jamais vamos nos recuperar, não importa o que digam), aconteceu outra. Não consegui mais escrever. Completo bloqueio de escritor.
Hoje, posso apenas especular. Se eu tivesse outra cabeça, o que restou da minha vida teria ido parar no fundo de uma garrafa de vinho tinto. Ao invés disso, preferi resgatar minha literatura. E comecei pela poesia, é claro, como nos tempos da adolescência. E foi nesse momento que reconheci: as coisas mais importantes são mesmo as mais difíceis de expressar.
Conhecer Danielle piorou minha situação com a arte de escrever. Porque o encanto das primaveras eternas em seu olhar demoliu o bloqueio, mas também serviu como tema para dezenas de assunto por minuto. Do zero à miríade de possibilidades em menos de duas semanas. Algumas pessoas surgem em nossas vidas para nos puxar para baixo. Com Danielle e eu aconteceu justamente o contrário.
Como um presente de Deus. Afinal, Danielle é ainda mais bela que as suaves manhãs de novembro.